Moçambique leva defesa da Floresta de Miombo a conferência em Washington

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A Floresta de Miombo, que cobre dois milhões de quilómetros quadrados e abrange onze países da África Austral, incluindo Moçambique e Angola, vai ser tema de uma conferência internacional em Washington, na próxima semana, coorganizada pelo Governo moçambicano.

A conferência vai decorrer a 16 e 17 de abril na capital norte-americana e resulta da iniciativa do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que em agosto de 2022 reuniu os líderes de outros dez países na "Declaração de Maputo sobre a Floresta de Miombo", a qual visa promover uma abordagem comum para a "Gestão Sustentável e Integrada das Florestas do Miombo e a Proteção da Bacia do Grande Zambeze".

"O principal objetivo da conferência é promover o potencial da Floresta do Miombo em contribuir para os esforços globais para alcançar metas sobre mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável integrado", explicam os promotores, na página oficial do evento.

A Florestas de Miombo fornece inúmeros bens e serviços que garantem a subsistência de mais de 300 milhões de habitantes destes países, incluindo pastagens tropicais e subtropicais, moitas e savanas, constituindo o maior ecossistema de florestas tropicais secas do mundo.

"São responsáveis pela manutenção do Grande Zambeze, uma das mais importantes bacias hidrográficas transnacionais", explicam os promotores da conferência, que é organizada ainda pelo International Conservation Caucus Foundation (ICCF) e pela Wildlife Conservation Society (WCS).

A Declaração de Maputo sobre a Floresta do Miombo, assinada, além de Moçambique e Angola, ainda pelo Botsuana, Maláui, República Democrática do Congo, República do Congo, Namíbia, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, estabelece prioridades para a gestão e governação sustentáveis dos recursos naturais dos ecossistemas do Miombo.

A grande variedade de espécies encontradas na Florestas de Miombo fornece serviços e produtos ecossistémicos diversificados, tidos como "extremamente importantes para a subsistência e a geração de rendimentos das populações locais".

"No entanto, uma população crescente e o consequente aumento da demanda por terras agrícolas, combinados com o uso insustentável e a extração excessiva de recursos naturais em partes das florestas de Miombo e os impactos das alterações climáticas, representam uma séria ameaça aos produtos e serviços das florestas e aos meios de subsistência que dependem delas", alertam ainda os promotores da conferência.

Só Moçambique perde todos os anos 267 mil hectares de florestas, segundo dados avançados em 2023 pelo diretor nacional de Florestas, Cláudio Afonso.

"Temos estado a registar algumas preocupações porque anualmente perdem-se cerca de 267 mil hectares de florestas", afirmou o responsável à margem da primeira reunião do Comité Técnico para a Operacionalização da Declaração de Maputo sobre a Gestão Sustentável e Integrada da Floresta de Miombo, em julho passado.

O Fundo Global anunciou em julho que vai disponibilizar a Moçambique cerca de 12 milhões de dólares para revitalização das reservas florestais, restauro, apoio institucional e implementação do sistema de monitoramento florestal do país. Outros cinco milhões de dólares serão disponibilizados pela Agência de Cooperação Italiana.

A Floresta do Miombo é responsável pela manutenção da bacia hidrográfica do Zambeze, ao longo da qual vivem mais de 40 milhões pessoas dos oito países atravessados por este curso de água.

Em Moçambique, a Floresta de Miombo alarga-se da parte norte de Inhambane às províncias de Manica, Tete, Sofala e Zambézia, zona centro, e Nampula, Niassa e Cabo Delgado, na região norte do país.

A declaração de Miombo foi adotada em agosto de 2022 e estabelece a necessidade de união de esforços dos países da África austral para o incremento de opções de proteção e conservação da Floresta de Miombo e desenvolvimento da região do grande Zambeze.

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