Moçambique. Libertados camponeses raptados há uma semana

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Os três camponeses raptados há uma semana no distrito moçambicano de Metuge, encontram-se em liberdade, disseram hoje à Lusa as próprias vítimas.

"Eles libertaram-nos no sábado. Disseram-nos que este é um mês importante e que Alá (Deus) não permite que homem explore ou maltrate homem semelhante no mês do Ramadão", disse uma das vítimas a partir da sede distrital de Metuge, a 60 quilómetros de Nampipi, onde o rapto ocorreu.

Os três camponeses foram raptados há semana nos seus campos de produção agrícola, na zona de Nampipi, por um grupo armado, que os terá levado para as matas de Mahate, no distrito de Quissanga, a 63 quilómetros de Metuge.

Desde o rapto, na segunda-feira, as vítimas contam que ficaram quase uma semana a alimentarem-se de tubérculos, por falta de comida, trabalhando para os insurgentes.

"Éramos uma espécie de ajudantes deles. Ali [no cativeiro] é só sofrimento. (...)Nós vimos crianças no grupo debilitadas", declarou à Lusa outra vítima, revelando que outras cerca de 20 pessoas que estavam também em cativeiro foram libertadas com o mesmo argumento.

O grupo de camponeses, com idades entre 55 e 60 anos, tinha decidido ir ao campo, percorrendo uma longa distância pelo interior do distrito, mesmo contra a vontade de alguns familiares que temiam situações semelhantes ao ataque à vizinha aldeia de Pulo, onde em 06 de março morreram seis pessoas.

"Quando nos libertaram, avisaram-nos que vão voltar. Disseram-nos para não voltarmos às nossas machambas [campos agrícolas]. Este ano vamos sofrer à fome", lamentou à Lusa uma das vítimas.

Os ataques a camponeses em Metuge acontecem numa altura em que pragas estão a atacar as culturas no interior daquele distrito, sobretudo na zona de Nampipi, o que pode comprometer a alimentação já deficitária da maior parte da população local.

Depois de vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência, que desde dezembro voltou a recrudescer com vários ataques às populações e forças armadas, levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio primeiro do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás.

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