Moçambique. Polícia atenta a insurgentes infiltrados entre população deslocada

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A vaga de ataques terroristas dos últimos dias no distrito de Chiùre, Cabo Delgado, provocou dezenas de milhares de deslocados, mas a polícia moçambicana disse hoje à Lusa que está a "filtrar", à procura de eventuais insurgentes nesses grupos.

"Estamos a trabalhar com as comunidades, tendo em conta que temos de filtrar para poder perceber se neste grupo de regressados no distrito de Chiùre se encontram lá alguns infiltrados, alguns que podem estar associados ao terrorismo", disse hoje à Lusa o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Cabo Delgado, Aniceto Magome.

Vários ataques terroristas no sul de Cabo Delgado provocaram vários mortos entre a população nas últimas duas semanas em aldeias do distrito de Chiùre, levando à fuga de pelo menos 13.000 pessoas só para a vila de Chiùre, concentrando em campos de reassentamento instalados em três escolas, mas também em casas de familiares, segundo fonte da autarquia local.

"A província de Cabo Delgado, neste momento, encontra-se numa situação relativamente calma e falando concretamente do distrito de Chiùre dizer que a situação já se encontra controlada, as Forças de Defesa e Segurança encontram-se no terreno", disse Aniceto Magome, em declarações à Lusa em Pemba, capital da província, no norte de Moçambique.

Acrescentou que as populações estão a colaborar e que há agora "uma acalmia a nível do distrito", mas ressalvando que se trata de um momento ainda incerto.

"Neste exato momento a situação já se encontra calma, mas a situação é sempre volátil. Nós temos de tomar em conta isso e não podemos baixar a guarda. Por isso é que estamos a fazer patrulhas para ver se esta situação prevalece e conseguimos controlar a movimentação do inimigo", acrescentou.

Garantiu que as Forças de Defesa e Segurança "trabalham de forma conjunta" para tentar voltar "a transmitir o sentimento de segurança" à população.

"Não temos ocorrências especiais a nível dos outros distritos, mas vamos continuando com o nível de prontidão combativa em alta para ver se a situação prevalece nesse sentido", acrescentou o porta-voz da PRM em Cabo Delgado.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou nas últimas semanas vários ataques e vítimas mortais, sobretudo no sul da província de Cabo Delgado, após um período de vários meses de acalmia.

A província enfrenta há seis anos alguns ataques reivindicados pelo EI, o que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos do gás.

Na quinta-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse, na segunda visita a Cabo Delgado em menos de um mês, que as novas incursões rebeldes resultam de tentativas de grupos armados de recrutar novos membros, considerando que no mês passado a província registou "muita movimentação de terroristas".

"Eles não conseguem mais fazer recrutamentos nesta província por muitas razões, a consciência [das populações] e então eles querem ver se furam para trazer outros membros para aqui (...) Eles queriam levar crianças e jovens e não foram felizes", declarou Filipe Nyusi, momentos após orientar uma reunião do Governo em Pemba, capital provincial.

O primeiro-ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, admitiu, entretanto, a necessidade de apoio adicional a Cabo Delgado face à fuga de dezenas de pessoas devido aos novos ataques registados naquela província, situação que está a criar "problemas de alimentação".

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