Estado da Nação
17 jul, 2024 - 10:52 • Susana Madureira Martins
O primeiro-ministro suaviza o tom na resposta ao líder da Iniciativa Liberal. No debate sobre o Estado da Nação, o primeiro-ministro admite "aprimorar" a medida do IRS jovem, mas fecha a porta à eliminação da derrama estadual que Rui Rocha propõe.
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"É verdade que a sua bancada tem primado por uma oposição diferente de outras bancadas", disse o primeiro-ministro, Luís Montenegro, quando começou a responder à interpelação de Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal (IL), esta quarta-feira no debate da Nação que decorre no Parlamento.
Depois das críticas ao PS e ao Chega, colando ambos os partidos numa oposição "irresponsável", Luís Montenegro disse que "apesar de anotar divergências, temos pontos em comum", referindo como exemplo que nem a IL, nem a AD querem que "este Governo seja uma reedição de planos que não saem do papel", garantindo que "todos os planos que anunciámos estão em execução".
Na intervenção que fez durante o debate Rui Rocha tinha apontado para o estado dos planos a "meio caminho" do Governo, com o líder da IL recordou planos do PS, como o Mais Habitação ou o plano para as florestas, criticando que "não basta apresentar, é preciso concretizar".
Depois, o deputado e líder da Iniciativa Liberal apontou que "é preciso dar o sinal claro que vale a pena crescer", algo que o atual Executivo não tem feito às empresas, o plano para a Habitação também está "a meio caminho", disse Rocha. "Só trouxeram medidas do lado da procura, e as do lado da oferta?", questionou.
Montenegro respondeu que o próprio Governo vai "querer monitorizar esses planos para que se tirem ilações", para depois se centrar na questão fiscal: "Temos algumas diferenças de opinião no IRS e no IRS Jovem", abrindo a porta a "aprimorar esses mecanismos e acrescentar alguma coisa nesse domínio", avisando, contudo que o executivo não pode "de uma assentada descer o IRS, o IRS dos jovens com grande impacto e descer o IRC".
Quanto à eliminação da derrama estadual, que a IL vem defendendo, o Governo afasta essa possibilidade porque se o Governo tomasse essa opção o país iria "perder 1800 milhões de euros".
Na semana em que o Governo se reúne com as oposições para discutir as linhas do Orçamento do Estado, Luís Montenegro acenou com o fantasma de uma nova crise financeira e potencial resgate se as oposições impuserem as suas opções.
"Queremos aliviar impostos, mas não podemos prejudicar o objetivo de contas públicas equilibradas", avisou o primeiro-ministro, que a acontecer levaria à "necessidade de programas de intervenção externa".
Ficou ainda a garantia de que o Governo está a fazer um esforço para garantir médicos de família e que a resposta que foi prometida durante a campanha eleitoral para as legislativas "já começou".