Luís Montenegro chegou, esta quarta-feira, ao debate sobre o Orçamento do Estado para 2025 no Parlamento acompanhado pela sua entourage política. De imediato, no entanto, reconheceu a "maioria relativa" e assumiu que veio para a discussão com "humildade".
O primeiro-ministro fez questão de repetir, em mais que uma ocasião, que foi ao "limite do esforço" nas negociações com o Partido Socialista para conseguir a viabilização do documento.
A direita parlamentar além da AD, contudo, não perdeu tempo a colar o documento aos apresentados nos últimos anos pelos Governos do PS.
Em tom gozão, André Ventura pediu ao Governo que passe a dirigir-se ao Chega como líder da oposição, dado que, entende, estamos perante um "Governo de bloco central” não assumido. É o PS que "sustenta o Governo", atirou.
Montenegro chutou a crítica de Ventura para canto, e disse que o campeonato do Executivo “é governar” e o Chega é uma “daquelas equipas que não consegue descer”.
Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, seguiu a linha de críticas de Ventura e fez pontaria também à AD e PS.
“Não esperava que o primeiro-ministro se tornasse socialista tão rapidamente", ironizou.Tanto a IL como o Chega já anunciaram que vão votar contra o OE para 2025. À esquerda, o sentido de voto será o mesmo, salvo o PS, que se irá abster.
No debate, PCP e Livre defenderem que a proposta de OE do Governo vai "acentuar desigualdades" e irá beneficiar grupos económicos.
Mesmo o “ambicionado” aliado, o PS, tentou encostar o Governo às cordas.
Pedro Nuno Santos perguntou pelo crescimento de 3% que a AD prometia, mas Montenegro deixou-o sem resposta. Disse, antes, que confiava "na palavra" do PS que já garantiu uma abstenção na votação na generalidade.
Ao longo do debate foi percetível que o IRC continua a ser uma dor de cabeça. À esquerda, o PS já disse que irá votar contra, na especialidade, a redução de 1%. À direita, a IL e o Chega questionaram porque é que o Executivo não vai mais longe.
Montenegro assegurou que não "desistiu do objetivo político de ter uma IRC mais competitivo e se possível de o baixar até aos 15%". Mas justificou a proposta com a "realidade de que é preciso aprovar o Orçamento".
Outra dificuldade no debate desta quarta-feira foi a gestão do tempo. O primeiro-ministro recebeu apenas três minutos para responder a onze pedidos de esclarecimento sobre o debate orçamental.
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, ainda pediu que o Chefe do Governo pudesse responder livremente ou que o tempo fosse alargado a cinco minutos, mas a mesa da Assembleia da República manteve os três minutos.
Houve questões, portanto, que ficaram sem resposta. A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, ironizou dizendo que estava "preocupada" uma vez que Luís Montenegro disse que ia “gerir tão bem o seu tempo como gere o Orçamento”.
O debate relativo ao Orçamento do Estado para 2025 continua na quinta-feira e será retomado logo às nove da manhã. A votação está marcada para o final do debate. O resultado? É conhecido.