Em declarações à Lusa, João Pedro Mortágua, morador na zona de Pinheiro Manso desde 2009, contou que há cerca de um mês os assaltos, realizados "sobretudo por toxicodependentes", são diários.
"Estão tão desorientados que qualquer objeto que roubem lhes dá mais cinco euros para consumirem droga", afirmou.
Além de assaltarem carros, também roubam tampas de esgotos, grelhas de sarjetas, telhas e placas de zinco, como aconteceu a um vizinho de João.
Alegadamente, estes objetos e materiais são posteriormente vendidos a um sucateiro que existe nas proximidades daquela freguesia.
"Não há um dia em que não exista um assalto", observou o morador, acrescentando que "o nível de degradação social, violência e insegurança é imenso".
Perante estes acontecimentos, vários moradores da zona de Pinheiro Manso juntaram-se para avançar com a criação de uma associação.
O intuito é sensibilizar e alertar as entidades com competência nesta matéria, nomeadamente, a Câmara Municipal do Porto e o Ministério da Administração Interna (MAI).
Também Maria João Monteiro, moradora naquela zona do Porto, afirmou que a criminalidade "é regular e persistente", destacando que a constituição da associação permitirá aos moradores terem "representatividade e dimensão" para sensibilizar e influenciar a atuação das entidades competentes.
"Com a associação não corremos o risco das denúncias individuais caírem em saco roto", observou.
Com a situação a agudizar-se nos últimos tempos, João Pedro Mortágua assegurou que a Polícia de Segurança Pública (PSP) "não tem meios".
"É preciso uma concertação de várias entidades que têm de olhar para esta realidade", referiu, dizendo ser preciso agir.
"Queremos ter uma vida normal", referiu, assegurando que a associação não será "contra ninguém", mas pela segurança dos moradores.
À Lusa, o morador disse também que alguns vizinhos já colocaram a hipóteses de contratar segurança privada durante a noite e dividir os custos por todos.
Em outubro de 2023, o Comando Metropolitano da PSP do Porto adiantava que a criminalidade violenta e grave naquela zona do Porto tinha aumentado comparativamente a 2022, bem como o número de detenções relacionadas com o tráfico de estupefacientes.
No entanto, a criminalidade geral participada diminuiu, tendo sido participados 358 crimes em 2022 e 323 em 2023.
À época, contactada pela Lusa, a presidente da Junta de Freguesia de Ramalde, Patrícia Rapazote, admitiu que "os dados são preocupantes" e sustentam a perceção de insegurança sentida pelos moradores e comerciantes não em toda a freguesia, mas "em epicentros" de determinados tipos de crime.
Considerando que a PSP "tem feito um trabalho imenso com os recursos de que dispõe", Patrícia Rapazote defendeu a necessidade de existir um reforço de efetivos na Esquadra do Viso e de mais policiamento de proximidade.
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