Mortágua acusa IL de querer “dar cheques ao privado”. Rocha lamenta que BE só queira “distribuir pobreza”

Rui Rocha e Mariana Mortágua divergiram em quase tudo, no debate na CNN, nesta quinta-feira, com o líder da IL a acusar constantemente a adversária de “demagogia” e a coordenadora do BE a colar os liberais aos ricos.

O debate começou com as propostas dos dois partidos sobre habitação e ficou evidente que Rui Rocha e Mortágua falam para eleitorados diferentes, embora tenham em comum o objetivo de captar os jovens. “As casas que existem estão a ser desviadas para outros fins que não a habitação”, disse Mariana Mortágua, responsabilizando o alojamento local e o mercado de luxo pela crise na habitação.

Rui Rocha, ao contrário do BE, entende que o problema só se resolve criando condições para aumentar a construção. “Precisamos de mais casas. Não é combatendo os estrangeiros e o alojamento local que vamos resolver o problema”, garantiu.

A partir daí, o debate aqueceu com Rui Rocha a criticar as propostas do Bloco e Mariana Mortágua a acusar a IL de favorecer os ricos e os privados. A IL “tudo o que diz ao país é que quer dar cheques ao privado”, disse Mortágua, acusando os liberais de quererem dar uma “borla” à banca “cortando metade dos impostos”.

Rui Rocha acusou os bloquistas de não terem propostas para o crescimento económico no programa eleitoral. “É preciso mudar o país. Olhamos para o programa do Bloco de Esquerda e não encontramos lá nada sobre crescimento”.

“A proposta do Bloco de Esquerda é distribuir pobreza”, acrescentou o presidente da IL, que acusou várias vezes a adversária de “demagogia” e recusou o rótulo de “partido dos ricos”.

O líder da IL lembrou ainda que o Bloco de Esquerda apoiou o governo do PS durante quatro anos. “Com o BE, aquilo que aconteceu até hoje continuará a acontecer. Mais estagnação e mais imigração”.

Mariana Mortágua defendeu que “o mercado a funcionar” trouxe um “salário que não paga uma casa” e acusou a IL de querer “mais do mesmo”. O que o mercado dos liberais “deixou em Portugal foi uma economia de baixos salários”, acusou.