Em declarações aos jornalistas numa conferência de imprensa na sede do partido, Mariana Mortágua sublinhou que as escutas que têm sido divulgadas "não têm relevância criminal" nem na `Operação Influencer` nem em qualquer outro caso de investigação criminal.
Afirmou também que "não é aceitável num Estado de direito" que um antigo governante, ou qualquer outro cidadão, sejam escutados e que "essas escutas sejam mantidas quando não têm qualquer relevância criminal".
Para Mariana Mortágua, o que está a acontecer é um caso de vigilância e ingerência sobre atos políticos e não uma investigação criminal.
"O que estamos a assistir, na verdade, não é uma investigação criminal, é sim uma espécie de vigilância e ingerência sobre atos de gestão política. E nós temos que separar estas duas realidades", afirmou.
E acrescentou: "Uma investigação criminal tem e pode ter recurso a escutas, que está previsto na lei. Escutas sem estarem associadas a uma investigação criminal, sem terem relevância para uma investigação criminal não são aceitáveis e isto vale para um primeiro-ministro e vale para qualquer cidadão ou cidadã deste país".
A CNN Portugal divulgou na terça-feira uma escuta da operação Influencer, de 05 de março do ano passado, na qual António Costa terá dito ao ex-ministro João Galamba que Christine Ourmières-Widener teria de sair da liderança da TAP por razões políticas, por forma a conter eventuais danos para o Governo.
O Ministério Público já abriu uma investigação a fugas de informação no processo Influencer, depois de ter sido divulgada a transcrição de escutas a conversas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro, António Costa, e o então ministro das Infraestruturas, João Galamba.
Segundo a informação divulgada por vários órgãos de informação, a investigação do MP visa as escutas divulgadas na terça-feira pela CNN Portugal, entre elas uma que apanha António Costa a ligar a João Galamba para ordenar a demissão da presidente executiva da TAP, por motivos políticos, depois da polémica indemnização de 500 mil euros à ex-administradora Alexandra Reis.
Foram ainda divulgadas fotografias que mostravam a forma como 75.800 euros em notas estavam escondidos na sala do Palácio de São Bento onde trabalhava o então chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, um dos cinco detidos no âmbito deste processo, em novembro passado.