Morte de número dois do Hamas aumenta risco de propagação da guerra no Médio Oriente

8 meses atrás 74

"As forças israelitas estão num estado de prontidão muito elevado em todas as áreas, na defesa e no ataque. Estamos altamente preparados para qualquer cenário. A coisa mais importante a dizer esta noite é que estamos preparados e continuamos focados na luta contra o Hamas", disse o porta-voz do exército israelita, Daniel Hagari, na noite de terça-feira.

O Hamas confirmou no canal oficial, Al-Aqsa TV, o ataque que provocou a morte de al-Arouri, vice-presidente do gabinete político do movimento islamita palestiniano, e de mais seis militantes, incluindo os guarda-costas do dirigente. O ataque fez aumentar os receios no mundo árabe e na comunidade internacional sobre o risco de alastramento do conflito a outras regiões do Médio Oriente.

Em reação ao ataque israelita, o primeiro-ministro libanês descreveu o sucedido como "um crime" que visa envolver o Líbano na guerra em curso na Faixa de Gaza.Em comunicado divulgado na rede social X, Najib Mikati disse que “este novo crime israelita visa arrastar o Líbano para uma nova fase de confrontos depois dos contínuos ataques diários no sul, que causaram um grande número de mártires e feridos”.

“Apelamos aos países envolvidos para que pressionem Israel para parar de atacar”
, pediu ainda o líder libanês, ao mesmo tempo que acusou Israel de recorrer à “exportação dos seus fracassos” na Faixa de Gaza para a fronteira sul do Líbano, com vista a impor “novas realidades” de guerra.

Israel “não se cansou de matar e destruir toda a gente, perto e longe”, prosseguiu Mikati, afirmando que o Líbano “está comprometido, como sempre esteve, com as resoluções internacionais” sobre este conflito.

O líder libanês ordenou, horas depois, a apresentação de uma queixa urgente ao Conselho de Segurança da ONU.

As Nações Unidas, por sua vez, consideraram "extremamente preocupante" o ataque israelita que matou o número dois do Hamas, Saleh al-Arouri, em Beirute. A porta-voz do secretário-geral da ONU apelou à máxima contenção de todas as partes.

“O secretário-geral apela a todas as partes para que usem da máxima contenção e tomem medidas urgentes para reduzir as tensões na região”
, afirmou à comunicação social Florencia Soto Nino.

“Não queremos nenhuma ação precipitada que possa despoletar mais violência”, acrescentou a porta-voz da ONU.

O primeiro-ministro do Governo da Autoridade Palestiniana, Mohamed Shtayeh, classificou este ataque como "um crime que carrega a identidade dos seus perpetradores", numa referência implícita a Israel e alertou para "os riscos e repercussões que podem surgir deste crime".

Também em resposta ao ataque desta terça-feira, o porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, Nasser Kanaani, considerou que a morte do responsável do Hamas irá inflamar ainda mais a resistência contra Israel.

"O sangue do mártir vai, sem dúvida, iniciar uma nova onda nas veias da resistência e na motivação para lutar contra os ocupantes sionistas, não só na Palestina, mas também na região e entre todos os que procuram a liberdade no mundo", afirmou o responsável, acrescentando que o ataque de terça-feira constitui uma violação da soberania e integridade territorial do Líbano.

Também o presidente francês alertou para o perigo de alastramento do conflito. Emmanuel Macron sublinhou na terça-feira "que é essencial evitar qualquer atitude de escalada, especialmente no Líbano, e que a França continuará a transmitir estas mensagens a todos os atores direta ou indiretamente envolvidos na área".

Em comunicado, a Presidência francesa confirmou que Macron teve uma conversa telefónica com o líder da oposição de Israel e membro do governo de emergência, Benny Gantz. O chefe de Estado francês expressou "profunda preocupação com o número muito elevado de mortes de civis e com a situação de emergência humanitária absoluta" na Faixa de Gaza.

O presidente francês lembrou "o imperativo de Israel" de proteger os civis e sublinhou a "urgência" de entregar ajuda humanitária à população de Gaza, ao mesmo tempo que defendeu "um cessar-fogo duradouro, com a ajuda de todos os parceiros regionais e internacionais".
Líder do Hamas diz que grupo palestiniano "nunca será derrotado"
Após o ataque em Beirute, o líder político do Hamas afirmou que o movimento islamita palestiniano “nunca será derrotado”.

“Um movimento cujos líderes e fundadores caem como mártires, pela dignidade do nosso povo e da nossa nação, nunca será derrotado”, disse Ismail Haniyeh num discurso televisivo.

O dirigente do movimento radical palestiniano, residente no Catar, invocou a história da resistência e do movimento para defender que, após “o assassínio dos seus dirigentes”, o Hamas “torna-se ainda mais forte e determinado”.

“O assassínio pela ocupação sionista do grande líder nacional e valente combatente Saleh al-Arouri, bem como dos seus irmãos entre os líderes e quadros do movimento, em território libanês, é um ato terrorista, uma violação da soberania do Líbano e uma expansão da sua agressão contra o nosso povo e a nossa nação”, acrescentou.

Haniyeh culpou “a ocupação sionista”, aludindo a Israel, pelo “assassínio cobarde” de líderes palestinianos e afirmou que o bombardeamento em Beirute “prova mais uma vez o completo fracasso deste inimigo em alcançar qualquer um dos seus objetivos beligerantes” na Faixa de Gaza."

Entretanto, as Brigadas Ezzedin al-Qasam - braço armado do Hamas do qual al-Arouri foi cofundador - prometeram “uma resposta” à sua morte.

Também o grupo xiita libanês Hezbollah garantiu que "o assassínio" de Saleh al-Arouri “não ficará impune”.

“O assassinato de Saleh al-Arouri no coração dos subúrbios a sul de Beirute é uma agressão grave contra o Líbano (...) e não ficará sem resposta nem impune”, frisou o Hezbollah, em comunicado.

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