"Morto e enterrado". Novo Governo britânico anula projeto de repatriamento para o Ruanda

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"Não estou disposto a dar continuidade a artimanhas" Claudia Greco - Reuters

Dois dias depois das eleições históricas que marcaram uma viragem política no Reino Unido, o novo primeiro-ministro trabalhista não perde tempo e já definiu o rumo que pretende tomar. Uma das suas primeiras decisões foi o fim do polémico plano do anterior Executivo conservador de repatriar imigrantes ilegais para o Ruanda. Para Keir Starmer, esta política está "morta e enterrada".

Um dia depois de ter sido investido primeiro-ministro pelo rei Carlos III, Keir Starmer reuniu, pela primeira vez, os seus principais ministros na manhã deste sábado.

No final, em conferência de imprensa a partir do Número 10 de Downing Street, o novo primeiro-ministro britânico declarou estar “impaciente” para implementar a mudança prometida no Reino Unido.

A primeira dessas mudanças consiste na revogação da controversa política conservadora de repatriar imigrantes ilegais para o Ruanda. Para Starmer, este projeto estava “morto e enterrado mesmo antes de ter avançado”.

“Nunca funcionou como um fator dissuasor e eu não estou disposto a dar continuidade a artimanhas”, disse Starmer.

O projeto foi anunciado pela primeira vez em 2022 pelo Governo de Rishi Sunak e propunha que os migrantes ilegais que chegassem à Grã-Bretanha fossem enviados para o Ruanda, com o objetivo de travar a entrada de imigrantes no Reino Unido através do Canal da Mancha.

No entanto, o projeto nunca chegou a ser posto em prática devido a vários desafios legais. Em novembro passado, o Supremo Tribunal do Reino Unido declarou a política ilegal, afirmando que o Ruanda não poderia ser considerado um país terceiro seguro. A proposta de lei apenas acabou por ser aprovada pelo Parlamento britânico em abril último.

A nível de política migratória, Starmer disse que seu Governo criará um Comando de Segurança de Fronteiras que reunirá funcionários da polícia, da agência de inteligência nacional e procuradores para trabalhar com agências internacionais para impedir o contrabando de pessoas.
As prioridades de Starmer
Starmer mostrou estar empenhado em cumprir a sua promessa de reconstruir o Reino Unido. Entre as prioridades apontadas pelo novo primeiro-ministro está o setor da saúde, da educação, do ambiente, defesa e administração interna.

"Estou ansioso para implementar mudanças e acho que o que vocês viram já demonstra isso", disse Starmer aos jornalistas em conferência de imprensa no final do primeiro Conselho de Ministros.

Devemos “garantir que o crescimento esteja em todo o país, para que as pessoas vivam melhor em todo o lado”, afirmou, anunciando futuras “decisões difíceis”. As ações mais urgentes vão incidir no serviço nacional de saúde, nas prisões e na educação, adiantou Keir Starmer.

"Teremos que tomar decisões difíceis e depressa, e assim faremos. Faremos isso com pura honestidade", declarou. “Temos muito trabalho a fazer, então agora vamos trabalhar”, rematou. O Partido Trabalhista venceu as eleições britânicas de forma esmagadora, destronando os conservadores que estavam no poder há 14 anos.

Em termos de política externa, Keir Starmer garantiu o “apoio inabalável” do Reino Unido à NATO, bem como à Ucrânia e na sua defesa na guerra contra a Rússia.

O primeiro-ministro irá a Washington na próxima semana para uma reunião da NATO e será o anfitrião da cimeira da Comunidade Política Europeia a 18 de julho, um dia depois da abertura do parlamento e do discurso do Rei, que estabelece a agenda do novo Governo.

Antes disso, já no domingo, o novo chefe do Governo vai começar uma visita aos quatro países que compõem o Reino Unido.

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