Moscovo avisa Tóquio sobre fornecimento de sistema Patriot a Kiev

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Franciszek Mazur/Agencja Gazeta - Reuters

A decisão do Japão de fornecer sistemas de defesa aérea Patriot à Ucrânia terá "graves consequências" para os laços Rússia-Japão, afirmou na quarta-feira a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.

As relações entre Moscovo e Tóquio, já difíceis, deterioraram-se acentuadamente desde que a Rússia enviou dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022. O Japão juntou-se aos seus aliados ocidentais na imposição de sanções económicas abrangentes à Rússia.
Na semana passada, Tóquio revelou que iria enviar mísseis de defesa aérea Patriot para os Estados Unidos após rever as suas diretrizes de exportação de armas.


"O lado japonês perde o controlo sobre as armas, com as quais Washington pode agora fazer o que quiser".

"Não se pode excluir que, num esquema já testado, os mísseis Patriot acabem na Ucrânia", acrescentou.

Para Maria Zakharova, tal cenário seria "interpretado como ações inequivocamente hostis contra a Rússia e levaria a graves consequências para o Japão no contexto das relações bilaterais".

Moscovo e Tóquio ainda não concluíram um tratado que ponha formalmente termo às hostilidades da Segunda Guerra Mundial devido a uma antiga disputa territorial que envolve a cadeia de Ilhas Curilas no Pacífico.

Mesmo antes do conflito na Ucrânia, Tóquio já se tinha queixado do aumento do destacamento militar russo nas ilhas, que a União Soviética confiscou ao Japão no final da Segunda Guerra Mundial.Resposta ao pedido de Washington O Japão vai exportar sistemas intercetores de mísseis terra-ar para os Estados Unidos, em resposta a um pedido de Washington, com escassez destes equipamentos devido à ajuda à Ucrânia.

O Governo japonês vai exportar os sistemas de mísseis Patriot, nomeadamente as baterias PAC-2, que intercetam sobretudo aviões e mísseis de cruzeiro, bem como os sistemas PAC-3, que intercetam mísseis balísticos, para os Estados Unidos, que detêm a licença para o equipamento, informou na terça-feira a emissora estatal NHK.

Tóquio justificou o envio de mísseis como benéfico para a segurança do Japão e, como será operado exclusivamente pelos Estados Unidos, "existe um elevado grau de certeza de que será corretamente gerido", de acordo com a mesma nota.

Em primeiro lugar, o Japão vai enviar os sistemas que fazem parte do arsenal das Forças de Autodefesa nipónicas e, a partir do início do ano, iniciar uma coordenação em grande escala com a parte norte-americana para poder enviar mais equipamento.

Na sexta-feira, o Governo japonês deu luz verde a uma reforma dos regulamentos que regem as exportações de equipamento e tecnologia militar, flexibilizando as restrições, o que vai permitir aprovar projetos de cooperação com nações aliadas para o envio de produtos letais acabados, algo proibido até agora.


Os novos controlos de exportação continuam a impedir que o país asiático envie armas para países em guerra, embora autorize o envio para países que detenham a patente, como é o caso do sistema Patriot, enquanto a transferência para uma terceira nação exigirá a autorização de Tóquio.

Até à revisão, o Japão apenas autorizava o envio de componentes de equipamento para os Estados Unidos, mas agora vai poder exportar equipamento de defesa acabado, produzido com licenças estrangeiras, para os países detentores das patentes.

"Num ambiente de segurança cada vez mais severo, a aliança Japão-EUA desempenha um papel essencial para garantir a segurança do Japão e a paz e estabilidade da comunidade internacional, incluindo na região do Indo-Pacífico", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês, em comunicado.

c/Agências

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