Moscovo considera "castigo coletivo" a suspensão de financiamento à UNRWA

7 meses atrás 85

"O que aconteceu e acontece é um castigo coletivo, proibido pelo direito humanitário internacional", considerou o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguéi Lavrov, em conferência de imprensa, sobre a decisão de 16 países deixarem de financiar a Agência das Nações Unidas de Apoio aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA).

Israel denunciou o alegado envolvimento de uma dúzia de elementos da UNRWA no ataque das milícias palestinianas em território israelita, em 07 de outubro, que resultaram na morte de mais de 1.200 israelitas e no rapto de cerca de duas centenas de pessoas.

Lavrov assinalou a "decisão errada" de "em vez de investigar as informações disponíveis sobre o envolvimento de alguns dos trabalhadores da ONU a estas ações terroristas inaceitáveis", se avance com um "castigo coletivo" da UNRWA e sobretudo aos palestinianos que recebem ajuda.

"Se existem estas acusações, devem ser esclarecidas as circunstâncias", disse o chefe da diplomacia, defendendo a necessidade uma investigação.

"Desde o primeiro momento, depois de condenar o ataque terrorista de 7 de outubro, dissemos claramente que é necessário lutar contra qualquer manifestação de terrorismo através de meios, que, por sua vez, não violem o direito humanitário internacional", afirmou.

Após as denúncias de Israel, a UNRWA anunciou a demissão de 12 elementos e o início de uma investigação sobre o presumível envolvimento no ataque.

Os Estados Unidos foram o primeiro a suspender o financiamento, seguido pelo Canadá, Reino Unido, Austrália, Finlândia, Países Baixos, Áustria, Alemanha, Itália, França, Suíça, Roménia e Japão, como bem como os três países bálticos.

Por seu lado, a Comissão Europeia (CE) adiantou que tomará as próximas decisões à luz da investigação iniciada a este caso pela ONU.

Dos outros grandes doadores - com contribuições superiores a 10 milhões de dólares por ano - apenas a Espanha, a Noruega, a Suécia, a Dinamarca e a Bélgica mantêm as suas contribuições, tal como a Arábia Saudita, o Qatar e o Kuwait, que não adotaram medidas imediatas, embora continuem atentos aos resultados das investigações abertas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu à comunidade internacional que não suspenda o seu apoio à agência, uma vez que "os alegados atos horrendos destes funcionários devem ter consequências", mas também há "dezenas de milhares de pessoas", cerca de 30 mil, que trabalham e que não devem ser penalizados.

Este pedido foi apoiado por vinte das mais importantes ONG humanitárias, que alertam que se estas suspensões não forem revertidas poderá ocorrer "um colapso completo da já restrita resposta humanitária em Gaza".

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, cancelou uma reunião com o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, e apelou à sua demissão por alegado apoio ao terrorismo.

Depois de 7 de outubro, Israel declarou guerra ao Hamas e, desde então, lançou uma ofensiva aérea, marítima e terrestre contra a Faixa de Gaza que provocou mais de 26.400 mortos, segundo dados do grupo islamita palestiniano.

Mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza, atualmente deslocados por causa da guerra vivem uma crise humanitária sem precedentes e dependem da ajuda da UNRWA, que conta com mais de 30 mil trabalhadores e é a maior organização do território fora da esfera do Hamas.

Israel acusou ainda a agência das Nações Unidas de doutrinar com ódio contra si os estudantes, enquanto o exército israelita encontrou túneis do Hamas junto ou debaixo das instalações da UNRWA.

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