Moscovo ordena evacuação de outra região fronteiriça face a avanço ucraniano

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O ataque surpresa poderá ter como objetivo ganhar uma moeda de troca em possíveis negociações de cessar-fogo Viacheslav Ratynskyi - Reuters

A Rússia ordenou esta segunda-feira a evacuação da região russa fronteiriça de Bolgorod após a crescente ameaça de Kiev junto à fronteira. Dura há sete dias a maior incursão ucraniana em território russo desde que Moscovo iniciou a invasão em grande escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

A Ucrânia lançou na passada terça-feira uma operação na região fronteiriça russa de Kursk para "restaurar a justiça" e pressionar as forças de Moscovo, de acordo com o presidente Volodymyr Zelensky. Nos últimos dias, as forças ucranianas avançaram até 30 quilómetros em território russo e tomaram o controlo de várias localidades, de acordo com os analistas de guerra.O ataque surpresa poderá ter como objetivo ganhar uma moeda de troca em possíveis negociações de cessar-fogo após as eleições norte-americanas.

Após a região de Kursk, cuja frente a Rússia conseguiu estabilizar no domingo, o exército ucraniano prossegue a sua incursão noutras zonas esta segunda-feira. Na região vizinha de Belgorod, no sul da Rússia, começaram as evacuações do distrito de Krasnaya Yaruga devido à "atividade inimiga na fronteira", de acordo com o governardor regional Vyacheslav Gladkov. 

"Estou certo de que os nossos militares tudo farão para fazer face à ameaça que surgiu", disse Gladkov. "Estamos a começar a transferir as pessoas que vivem no distrito de Krasnaya Yaruga para locais mais seguros". De acordo com o Ministério russo da Defesa, a Rússia destruiu na última noite cinco drones sobre Belgorod, 11 sobre Kursk e dois sobre Voronezh, asism como armamento pesado considerável, incluindo tanques.

Na sequência da incursão ucraniana que Vladimir Putin considerou ser uma "grande provocação", Moscovo prometeu uma "resposta severa". A Rússia impôs um regime de segurança "antiterrorista" apertado nas regiões de Kursk, Bryansk e Belgorod, apoiada pela sua aliada Bielorrússia que afirmou estar a reforçar o número de tropas na sua fronteira.

Incêndio na central nuclear de Zaporizhia

Na última madrugada, deflagrou um grande incêndio na central nuclear de Zaporizhia, numa parte da Ucrânia controlada pelas forças russas, e desde então Moscovo e Kiev têm trocado acusações sobre a sua origem. 

O governador de Zaporizhia, nomeado pelo Kremlin, disse que a Ucrânia tinha provocado o incêndio com um ataque militar, enquanto Zelensky afirmou que as forças russas eram responsáveis pelo incêndio nas torres de refrigeração da central nuclear e acusou a Rússia de ter provocado o incêndio propositadamente para "chantagear a Ucrânia, toda a Europa e o mundo", numa publicação na rede social X.

"Estamos à espera que o mundo reaja, à espera que a AIEA reaja. A Rússia tem de ser responsabilizada por este facto", acrescentou Zelensky.

Enerhodar. We have recorded from Nikopol that the Russian occupiers have started a fire on the territory of the Zaporizhzhia Nuclear Power Plant.

Currently, radiation levels are within norm. However, as long as the Russian terrorists maintain control over the nuclear plant, the… pic.twitter.com/TQUi3BJg4J

— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 11, 2024

A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), das Nações Unidas, afirmou ter visto "forte fumo escuro" a sair das instalações mas disse não ter havido "qualquer impacto" na segurança nuclear.

"Estes ataques imprudentes põem em perigo a segurança nuclear da central e aumentam o risco de um acidente nuclear. Devem parar agora", declarou o chefe da AIEA, Rafael Grossisa, sem atribuir a culpa pelo ataque.

c/ agências

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