Munições de França e Europa para Ucrânia "aquém das expectativas"

8 meses atrás 61

"A produção nacional e europeia é extremamente baixa, a economia existente não está à altura das expectativas" ucranianas, insistiu Cédric Perrin, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e da Defesa do Senado, que se deslocou, com uma delegação, a Varsóvia e Kiev entre 19 e 21 de dezembro.

Os ucranianos disparam diariamente entre 5.000 e 8.000 projéteis, contra entre 10.000 e 15.000 do lado russo, indicou o senador de direita numa conferência de imprensa, recordando que França produz 20.000 projéteis de 155 milímetros por ano, "ou seja, o equivalente a três ou quatro dias de combates na Ucrânia...".

E quanto ao objetivo de um milhão de munições prometidas até à primavera de 2024 pela União Europeia (UE), só 300.000 foram entregues, indicou Perrin.

"É agora que é preciso agir, é agora que a Ucrânia necessita da nossa ajuda", defendeu.

"Neste momento, ainda não chegámos lá", apesar de a ajuda francesa, incluindo os canhões Caesar e os mísseis de longo alcance Scalp, ser "apreciada" em Kiev, sublinhou.

O senador classificou como uma "boa notícia" o anúncio, na terça-feira à noite, pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, da entrega de 40 novos mísseis Scalp e de "centenas de bombas", mas sustentou que "os anúncios têm de ser concretizados".

"Quanto às centenas de bombas, se estamos a falar de projéteis de 155 milímetros, voam cerca de 25.000 por dia sobre a Ucrânia, portanto, isso não é significativo", acrescentou.

"É necessário mudar a escala [de produção] de munições agora", repetiu.

Por sua vez, o senador socialista Jean-Marc Vayssouze-Faure, considerou que "a situação está crítica para os ucranianos neste momento", referindo-se em especial ao número de efetivos.

No seu relatório, os senadores, baseando-se em fontes ucranianas, estimaram que chegam 30.000 novos soldados russos por mês à frente de batalha.

"Do lado ucraniano, os combatentes são os mesmos que chegaram à frente há dois anos", aquando da invasão russa, referiu.

O relatório do Senado, intitulado "Por que é que o futuro da Europa está em jogo na Ucrânia", recomenda que os problemas do conflito voltem a estar no centro do debate público, que se aumente o número de linhas de produção de munições para se poder produzir "várias centenas de milhares de cartuchos por ano" e que se aposte na presença de empresas francesas na Ucrânia para preparar a reconstrução.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

As últimas semanas foram marcadas por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Leia Também: "A existência da Ucrânia é mortalmente perigosa para os ucranianos"

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