«Na Índia penduravam a carne e o peixe na rua como aqui penduramos os jornais nos quiosques»

2 meses atrás 73

O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.

Depois das passagens por Itália, Turquia e Espanha, Miguel Garcia terminou a carreira na Índia, país no qual representou o NorthEast United e o Sporting Goa. Apesar de ter apreciado esta experiência no continente asiático, o antigo lateral-direito não escondeu que lidou com algumas questões que o surpreenderam. 

«A cidade do NorthEast United era Guwahati, mas fizemos a pré-época em Shillong Lajong. Fui de Lisboa para Istambul, de Istambul para Mumbai, de Mumbai para Guwahati e de Guwahati para Shillong Lajong numa viagem de três horas de autocarro. Eu cheguei lá e só disse "Meu deus, onde é que eu estou metido?". Shillong Lajong é uma cidade em que muitas ruas eram em terra batida, eles ainda penduravam- tal como fazemos com os jornais nos quiosques- a carne e o peixe na rua. Só me lembro dos carros a passar, da poeirada incrível [risos] e de pensar que aquilo estava atrasado uns bons anos. No entanto, depois fomos para Guwahati, uma cidade um pouco melhor em termos de serviços, restaurantes e qualidade de treino. O plantel ficou num hotel com qualidade até em termos de comida, isto na medida em que não podíamos comer na rua», começou por referir, descrevendo depois a aventura em Goa: 

«É uma região espetacular, aí sim era qualidade de vida. Vivia num condomínio com piscina, com praia à frente... Mumbai e Delhi são cidades obrigatórias para quem quer conhecer a Índia; no entanto, Goa é a melhor região para passar férias. Conheci algumas pessoas que ainda falavam português, fui a muitos restaurantes e lojinhas. Foi uma experiência muito boa e gratificante, senti-me verdadeiramente valorizado.»

Recordando que partilhou balneário com jogadores como Capdevila, Simão Sabrosa e Silas na Índia, Miguel Garcia sintetizou depois a importância que esta experiência teve na sua vida. «Numa das vezes em que estava a treinar sozinho na Índia- cheguei lá um pouco antes dos meus colegas-, eu estava a correr à volta do campo e só via estradas de terra batida. Lembro-me que só pensava para mim 'Alguma vez me imaginei a jogar num país como a Índia?'. Era impossível, mas ao mesmo tempo é gratificante. O futebol dá-nos estas coisas, o importante é aproveitarmos ao máximo estas experiências. Não é pelo dinheiro nem pelo futebol em si, mas sim pelas experiências que o futebol nos proporciona. Nesse sentido, a Índia foi uma das experiências mais incríveis que tive como jogador de futebol», frisou.

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