“Não é por haver mais ou menos perturbação política que as transações se fazem”, diz partner da Apollo

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“É inevitável” os negócios de M&A continuarem este ano apesar da instabilidade política, afiança Gustavo Guimarães, partner da Apollo Global, que confessa que todas as grandes casas de private equity olharão para as grandes operações no horizonte de 2024.

O sector de fusões e aquisições (M&A) irá continuar a fazer o seu trabalho este ano apesar da perturbação política, com grandes transações na calha para 2024 às quais as casas de private equity estarão muito atentas. Gustavo Guimarães, partner da Apollo Global, projeta que o ciclo político tenha uma influência limitada no ramo, falando noutros fatores mais relevantes e destacando as várias soluções neste mundo.

O ciclo político cria uma instabilidade doméstica acrescida este ano, que se junta à incerteza global para levantar problemas adicionais às empresas nacionais, mas não será por isso que o sector de M&A terá menos trabalho este ano, projeta Gustavo Guimarães. Falando no painel ‘Oportunidades e desafios no mercado de M&A em 2024’ da conferência do JE Advisory realizada em Lisboa esta sexta-feira, o partner da Apollo Global destacou outros fatores que influenciam o ramo.

“Não é por haver mais ou menos perturbação política que as transações se fazem. O mais importante são os ciclos [económicos]”, explicou. “Há muitos fatores que condicionam e incentivam o mercado de M&A que não são necessariamente políticos. Obviamente que tem muita influência, mas diria que tem mais a ver com a estruturação da economia”.

Como tal, e tendo em vista alguns grandes nomes que estarão no mercado este ano, “é evidente que todas as grandes casas de private equity estão a olhar para as grandes transações”, reconheceu.

“É inevitável”, afirmou Gustavo Guimarães, mas salientando a grande pergunta que tem de ser colocada neste tipo de operações: “há algum estratégico que queira fazer as sinergias? E, se não houver, há um private equity capaz de criar esse valor?”.

“Às vezes, os private equity não são os compradores ideais. Os private equity têm uma especialização muito concreta quando existem talvez três fatores: onde não há capital, não há gestão e não há outro tipo de solução. […] Adequa-se a certas transações, mas não necessariamente a todas”, resumiu.

Há, no entanto, um papel de educação que pode ser fulcral no estímulo e crescimento do sector, sobretudo num país de micro, pequenas e médias empresas (PME) como Portugal, onde a resistência cultural dos empresários a ganhos de escala é ainda um problema.

“De facto, existe uma questão de comunicação. […] Podemos ter um papel importantíssimo a explicar as vantagens e experiências boas que tivemos numa operação destas. O caminho é comunicarmos mais pelas boas experiências, empresários a partilharem historias de como correu bem aquela operação”, concluiu.

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