«Não era a forma como me queria despedir»: Areia e o adeus ao FC Porto

2 meses atrás 87

António Areia é um dos nomes mais importantes da história recente do FC Porto. O ponta direita, atualmente com 34 anos, tornou-se peça fundamental para todos os treinadores que passaram no banco de suplentes portista, clube que representou entre 2015 e 2024, depois de abandonar o Benfica.

Os primeiros anos não foram fáceis, uma vez que o emblema da Invicta esteve habituado a vencer com sete campeonatos consecutivos. Durante algum tempo, a tendência não se verificou, mas tudo mudou a partir de 2018/2019, altura em que voltaram a um caminho vitorioso no que toca a títulos.

Nunca se escondeu das decisões @FPA

O camisola 25 sempre foi importante. Foi nessa temporada mencionada, aliás, que rubricou a melhor época da carreira em termos de golos - 246 em 55 jogos. O internacional português é sinónimo de remates certeiros e prepara-se, agora, para continuar a «espalhar classe» com a camisola do Tremblay HB, equipa que subiu ao principal escalão do andebol francês em 2024/2025.

Nesta primeira parte da entrevista ao zerozero, António Areia falou-nos dos tempos de glória pintados de azul e branco, revelou quais as épocas mais difíceis durante todo este percurso e explicou que a decisão de sair do FC Porto foi bastante complicada, mas tinha que colocar a «consciência em primeiro lugar».

ZEROZERO (ZZ): Foram 1429 remates certeiros com a camisola do FC Porto ao longo das últimas nove temporadas - 397 jogos. Tinha noção destes números ou passaram completamente ao lado?

ANTÓNIO AREIA (AA): Não fazia ideia. Estava consciente de que me encontrava perto dos 400 encontros, mas dos golos não. Acima de tudo, acho que são dados que nos podem ajudar e é importante sabermos fazer uma análise e filtrá-los para o que nos pode ser útil. Não penso nisto em relação à estatística, mas sim a objetivos concretos. Ou seja, se fizermos uma temporada melhor do que a anterior, é sempre uma meta cumprida.

ZZ: Assumo que abandone a Invicta com o sentimento de dever cumprido. Quase 400 encontros e 1500 golos. Não é toda a gente que se pode gabar isso.

AA: Acho que sim. Tenho que ficar satisfeito com o percurso que vivenciei. Tenho a sorte ou audácia, o que quiserem chamar, de poder ser um dos marcadores dos livres de sete metros. É algo que me dá algum prazer e é lógico que só posso estar feliz com os números que atingi durante estes anos.

ZZ: A transferência para França já tinha sido anunciada a 11 de marçomas só agora é que está a viver as últimas semanas em Portugal. Como é que estão a ser estes momentos? Acredito que a ficha esteja a cair...

AA: Já foi mais difícil quando tive que tomar a decisão final. Confesso que passei alguns dias complicados, não só por ser uma mudança, mas por todos os momentos que tive e que me vieram à cabeça, seja os bons ou maus. Alguns treinos ou jogos que me custaram bastante. Na lógica, quando entrava para o '40x20', tentava esquecer o passado, mas no fundo existia sempre um sentimento especial por estarem a ser os últimos treinos, encontros ou momentos em equipa. Tempos duros. Agora que o ciclo acabou, sinto que fez parte do processo global e sei lidar com isso da melhor forma. Já só tenho de pensar na mudança de casa e a nível familiar. 

ZZ: Assim sendo, nunca achou que seria uma decisão tomada de ânimo leve. Era fácil para um jogador deste calibre pensar: 'Já conquistei tudo, sou presença regular na seleção nacional e vou encerrar esta etapa de consciência tranquila'.

AA: Sim, podia ser um dos cenários, mas comigo nunca aconteceu dessa forma. A saída e deliberação revelaram-se muito complicadas, pois foram em circunstâncias... Não é que me obrigaram. Uma pessoa não é obrigada a nada e toma as decisões que quer, mas foram em circunstâncias que me levaram a tal e que tu não podes controlar. Acima de tudo, coloquei a consciência em primeiro lugar.

ZZ: A família vai numa primeira instância ou só se juntam numa fase posterior da temporada?

Sempre com elevado nível de eficácia @FC Porto

AA: Seguem mais tarde. Vou começar a pré-época e, depois, juntam-se a mim. Concordámos que não fazia sentido irmos todos logo no início porque tenho uma carga de treinos maior, vários estágios fora de portas. Acho que é importante elas gozarem as férias durante mais um bocado e irem para França apenas quando começar a escola, por exemplo.

ZZ: Como é que as duas filhas estão a lidar com toda esta situação?

AA: Toda a gente diz que as crianças são «esponjas» e que apanham rapidamente todos os aspetos de um novo ambiente. Se eu disser à mais nova que vamos para França, está tudo bem, pois ela não irá perceber. Com dois anos é difícil entender para onde é que vai ou o que está a acontecer. A mais velha, por outro lado, acho que já tem alguma noção da mudança e teve uma reação super positiva. Já lhe falamos da nova casa e usámos alguns trunfos da Disney [risos]. Acima de tudo, partilho da opinião de que está a correr super bem. Fala de uma forma bastante descontraída sobre o assunto, o que também acaba por nos ajudar.

ZZ: Nunca tentaram convencer o pai a ficar pelo Porto?

AA: Não, não. Acho que essa fase ainda é muito precoce. Como é lógico, a mais velha já aprendeu a língua portuguesa e tem os seus amigos na escola. Mas faz parte da vida. Eu também já tive muitos colegas de equipa e amigos que fui obrigado a deixar para trás. Ela terá que fazer o mesmo, uma vez que é um processo natural.

ZZ: Assumo que seja uma das partes complicadas no meio disto tudo...

AA: Sem dúvida. No que toca às miúdas, claro. Eu já comentei isto no passado: tem sido dos aspetos que mais me têm preocupado na mudança, mas é uma preocupação positiva. São miúdas, vão falar uma língua nova, passar tempo com pessoas diferentes - que não se vão entender ao início - e isso pode ser um entrave. Acredito que, numa primeira fase, não seja fácil para nenhum dos lados. Mas tal como já referi, faz parte de um processo. Quanto mais rápido nos adaptarmos, melhor será. Eu costumo dizer que já joguei com vários atletas estrangeiros que chegaram a Portugal com filhos e vão com eles para todo o lado, portanto, toda a gente consegue.

Companheirimo foi palavra de ordem @FC Porto Sports

ZZ: O que é que vai sentir mais saudades do FC Porto e na cidade do Porto? Para todos os efeitos, nasceu e cresceu em Lisboa durante a maior parte da sua vida.

AA: Da cidade do Porto vou ter saudades de muita coisa. Tal como referiste, sou natural de Lisboa e um grande fã da capital, mas aprendi a gostar quase tanto do Porto como de Lisboa. Quando fiz a primeira mudança, disseram-me que as pessoas eram mais afáveis, mais próximas umas das outras. Eu até podia pensar que isso era cliché ou que me estavam apenas a tentar convencer. Mas a verdade é que, ao fim de alguns anos, é possível verificar isso mesmo. São preocupadas com o dia a dia e ajudou-me a estar melhor por aqui. Estive numa cidade muito bairrista e que sente bastante o clube. Tive essa sorte e sou um privilegiado nesse sentido. As pessoas vão deixar saudades e a cidade também.

ZZ: ...

AA: Em relação ao clube, existem poucas palavras. Depois de tudo o que passei, os títulos que conquistei e as pessoas com quem convivi, vou sentir uma saudade muito grande. Acho que ultrapassei momentos muito fortes, tanto positivos como negativos. São nesses momentos em que criámos algumas relações que acabam por ser para a vida. Em relação aos adeptos portistas, o sentimento é o mesmo. Considero-me um sortudo. Não sei se por ter sido um atleta que veio do Benfica, mas fui muito bem recebido e sempre transmitiram um grande carinho. Também tentei desmitificar a ideia de ser o jogador que vem do Benfica e passar a ser o atleta que vocês gostam de ver jogar. Aqueles portistas que eu via todos os fins-de-semana, tanto no nosso pavilhão como fora, são pessoas que me vão ficar marcadas.

ZZ: Falou de amizades que leva para a vida. A quem é que se estava a referir? Se calhar vai ser injusto, pois vai esquecer-se de algum nome do FC Porto.

AA: Claramente. Tal como eu já expliquei, existiram pessoas que me marcaram muito. Acho que posso destacar, por exemplo, o Rui Silva. É alguém que me acompanha desde miúdo. Estivemos juntos nas seleções nacionais jovens, mesmo quando estávamos em Lisboa, eu no Benfica e ele no Sporting. Já tínhamos uma amizade forte. Viemos juntos cá para cima e os laços foram ficando cada vez mais fortes. Volto a reforçar: passamos excelentes momentos, mas também, se calhar, tivemos os piores momentos das nossas vidas, tanto a nível pessoal dele como na situação do Quintana. O Rui é uma pessoa com quem tive empatia desde muito cedo e tornou-se uma amizade que quero continuar a preservar, apesar dos nossos caminhos seguirem rumos distintos. Só destaco o Rui porque iria estar a ser injusto com os restantes.

Rui e Areia, sempre juntos @FC Porto

ZZ: A ligação com as modalidades também acabou por ser bastante forte, pois vimos no teu post de despedida no Dragão Arena que o Gonçalo Alves, da equipa de hóquei em patins do FC Porto, foi lá comentar.

AA: Sim, sim. Também criei uma ligação forte com outros atletas do clube e o Gonçalo é um dos exemplos. Quando estava no Benfica, já acompanhava as modalidades e também fiz questão de repetir o cenário no Dragão Arena. Era uma pessoa que eu admirava bastante pela forma de jogar e ser. Sempre foi muito carinhoso e próximo. Depois aprendi a admirá-lo como jogador. Não me posso esquecer, também, do Hélder Nunes ou do Miguel Maria, com quem tive algumas conversas nos últimos tempos. Acho que é importante termos este tipo de comportamentos, pois estamos todos a lutar por um bem comum, que passa por dar títulos ao FC Porto. Estamos juntos várias vezes e partilhamos com eles alguns momentos menos bons das respetivas equipas. Isto acaba por servir de aprendizagem, uma vez que estamos a ouvir outros exemplos e a aprender a lidar com determinado tipo de situações.

ZZ: Se não pudesse escolher o andebol, qual é que escolheria? 

AA: Não sei [risos]. Já pratiquei ténis quando era pequeno, pois o meu pai era uma pessoa ligada a esse mundo. Talvez fosse para o hóquei devido ao processo complicado de patinar e estar com um stick ao mesmo tempo.

ZZ: Ainda bem que fala desse aspeto. Trouxe aqui uma frase proferida pelo Gonçalo Alves, aquando da sua entrevista ao zerozero. Ele disse e passo a citar: «Qualquer pessoa consegue pegar numa bola de andebol e rematar à baliza, mas a nossa modalidade tem uma particularidade que é andar de patins e com um stick ao mesmo tempo. Não é fácil»

AA: Acho que é fácil desmistificar essa afirmação [risos]. Qualquer pessoa pega numa bola com a mão, sim, mas não acredito que qualquer um atire à baliza como deve ser. Nós também temos a cola a nosso favor, que para eles é mais complicado. Andar de patins é algo, provavelmente, que o Gonçalo faz desde os dois anos. Se andasse de patins desde essa altura...

ZZ: Continuando nesta ligação ao FC Porto. Na final da Taça de Portugal diante do Sporting, o António Areia foi dos últimos jogadores a abandonar o pavilhão, mesmo não tendo ganho. O Professor José Magalhães até brincou com essa situação e disse que ia ser o atleta a fechar o recinto desportivo.

Ligação com adeptos de todos os clubes @FAP

AA: Eu sempre me preocupei muito no sentido de dar esse carinho aos adeptos. A verdade é que, muitas das vezes, fui dos últimos a sair. Cumprimentávamos toda a gente. Tenho a obrigação de cumprir essa 'missão' no sentido em que: elas foram para lá para nos para ver. Não posso só passar ali, esticar a mão e ir embora. Se calhar existiram encontros em que não me apetecia, mas aquelas pessoas estiveram ali durante 60 minutos para nos apoiar, algumas delas em todas as partidas. No fundo, admiram-nos.

ZZ: ...

AA: O momento a que te referes... a maior parte dos adeptos já sabia que era o meu último jogo e quiseram mostrar algum carinho por mim. Troquei algumas palavras com todo o gosto e por isso é que demorei mais tempo. Também estive com as minhas filhas, quis aproveitar esse momento com elas. Foi uma mistura de família e adeptos. Mas não me posso esquecer de algumas reações positivas de adeptos de outros clubes. Penso que fiz um bom trabalho em Portugal.

ZZ: Alguma coisa que possa partilhar que lhe tenham dito?

AA: Foi à base do 'boa sorte' e agradeceram-me pelo que tinha feito pelo FC Porto. Os adeptos do Sporting, inclusive, fizeram o mesmo e enalteceram a forma como representei o meu emblema contra eles. Também é gratificante. Tive a sorte de poder jogar em dois grandes clubes, que são rivais diretos. Por muito que as pessoas digam e gostem da rivalidade entre Benfica, FC Porto e Sporting - que eu entendo que exista e é interessante porque alimenta a chama -, nunca perdi os meus valores. Se eu tivesse de me partir todo para defender o FC Porto, faria isso sem pensar duas vezes, mas nunca passava dos limites. Eu não sei se estes princípios são os corretos ou não, não faço juízos de valor das outras pessoas. A verdade é que é do outro lado estão muitos companheiros de equipa, de seleção, amigos. São sete pessoas de cada lado a querer que o final positivo caía para o respetivo lado. Partilho da opinião de que nunca passei desse limite. Se passei, agradeço a alguém que me diga [risos]. 

ZZ: Esse encontro contra o Sporting na Taça de Portugal acabou por ser um pouco «inglório», pois acabaram por perder e terminaram a época sem nenhum título.

AA: Sim, é verdade. Muito inglório. Não gosto de dizer que merecíamos ou não, pois o merecer no desporto é um pouco subjetivo. Mereceu quem ganhou, jogando melhor ou pior. Mas sim, não era a forma como me queria despedir do FC Porto. Conquistei muitos títulos e queria sair, pelo menos, com um troféu conquistado. Não foi possível. Saio de consciência tranquila e acho que nós, grupo de trabalho, tivemos uma temporada bastante complicada. Acima de tudo, trabalhamos muito. Há que aprender com estas vivências. Era fácil para mim dizer que nem todos podem ganhar, porém, não gosto de uma expressão desse tipo. Fizemos tudo para vencer.

ZZ: ...

AA: Muita gente dizia que o Sporting ia limpar tudo. Acabaram por conseguir, mas antes ninguém sabia. Entrámos na Fase Final com uma desvantagem e numa posição que não queríamos. Ainda assim, mostramos que tínhamos uma força grande dentro de um balneário que tinha atletas que queriam muito que existisse uma última palavra a dizer. Adiámos todas as decisões para o último jogo, no Pavilhão João Rocha. E nós chegamos a esse encontro e dissemos: 'Meus amigos, já que chegamos até aqui e sabemos o quanto que nos custou, vamos ter que ir com tudo'. Tivemos a infelicidade do Daymaro Salina ter sido expulso nos primeiros minutos, mas lutámos quase até ao fim. Claro que isto acaba por não interessar nada porque não ganhamos o Campeonato nem a Taça de Portugal, onde o cenário se repetiu de igual modo.

ZZ: O Sporting foi um justo vencedor?

AA: Acho que é difícil dizer que é injusto quando existiu uma equipa que venceu os três troféus nacionais. Foram um conjunto bastante regular, muito forte, tanto a nível de andebol como a nível anímico. Saíram da EHF European League por pequenos detalhes. Estiveram melhor do que todos os outros emblemas que queriam ser campeões. E não nos podemos esquecer que as partidas entre os dois clubes já tinham sido decididas por um/dois golos. No passado, já tinha resultado em campeonatos a nosso favor. Agora não. Parabéns [risos].

ZZ: Foi a época mais difícil enquanto esteve no clube? Claro que existe aquele período ligado à morte do Alfredo Quintana, mas 2023/2024 acabou por ser uma altura de muitas lesões, por exemplo, que condicionaram o decorrer normal.

Quintana deixou um enorme legado @FC Porto/Adoptarfama

AA: É engraçado pensar nisso porque acho que as duas temporadas mais complicadas foram a primeira e a última. Quando cheguei ao FC Porto, estávamos numa sequência de sete campeonatos seguidos e perdemos todas as competições desse mesmo ano. Foi duro, tal como esta. Juntando, claro, aquela metade de época relacionada com a morte do Alfredo Quintana. Mas não me vou esquecer de tudo o que se passou em 2023/2024 por diversos motivos: por terem sido as últimas vezes, por não ter conquistado as provas que queria e porque tive de me despedir.

ZZ: Agora faço a pergunta ao contrário: qual a melhor época que vivenciou com as cores azuis e brancas?

AA: Talvez a do primeiro título, que é sempre especial. Estivemos algum tempo sem ganhar e, ao fim do terceiro ano, conseguimos reverter essa tendência. Fomos, também, à Final Four da EHF Cup. Ou seja, começamos a ganhar Taças, Supertaças, Campeonatos. 

ZZ: Já está há vários anos no Campeonato Placard Andebol 1. Pegando no equilíbrio verificado durante toda a temporada, pensa que a prova ficou mais competitiva com o passar do tempo? Ou tem a ideia oposta?

AA: O campeonato português tem subido bastante de qualidade e também incluo o Benfica nessa perspetiva. Foram uma equipa que contou com uma época estranha a nível de lesões, sobretudo. Ainda assim, vão apresentando sempre plantéis bastante competitivos e já ganharam a EHF European League em 2020, por exemplo. Eu partilho da opinião de que - e vou puxar a brasa à minha sardinha -, a partir do momento que o FC Porto começou a ganhar campeonatos e a fazer grandes prestações na EHF Champions League, o campeonato sofreu algumas alterações positivas. Começaram a existir jogadores que foram seduzidos pelos projetos e, consequentemente, o nível subiu.

Vários anos em Portugal @Federação de Andebol de Portugal/PhotoReport.In

ZZ: ...

AA: A seleção também contribuiu para este aspeto, sobretudo depois daquele sexto lugar no EHF Euro 2020. Isso também reflete o trabalho que estão a fazer, pois alguns atletas portugueses vão para as melhores equipas do mundo, como é o caso do Luís Frade (Barcelona) ou do Miguel Martins (Aalborg). Ajuda a que Portugal cresça e o jogador português passe a ser conhecido. Infelizmente, o Campeonato Placard Andebol 1 ainda não é dos mais competitivos do mundo e eu gostava que não fosse assim. A verdade é uma: os três grandes estão acima dos restantes, tanto a nível de orçamentos como de qualidade. Espero que a Federação Portuguesa de Andebol consiga desenvolver este projeto para mudar esse paradigma. 

ZZ: Na sua opinião, o que é que acha que falta para conseguir subir esse nível?

AA: Um dos fatores passa pelos atletas experimentarem campeonatos no estrangeiro, um aspeto que já está a acontecer. Depois, claro, é importante que existam apoios na procura por patrocínios, que são sempre importantes para poder ganhar algum orçamento e estofo económico. Penso que já existiram pessoas no FC Porto que foram connosco a viagens no estrangeiro e viram como é que as coisas são feitas. É fundamental perceber como é que os outros clubes/federações trabalham, pois vai muito para lá do jogo. Durante os encontros, há sempre uma festa, não se limitam apenas a ir assistir. A Final Four da EHF Champions League é um grande exemplo disso. As televisões também podem ter um papel importante.

ZZ: Era isso que ia perguntar. Com os resultados que foram atingindo, tanto a nível de clubes como de seleção, acha que têm sido capazes de combater o «fenómeno do futebol» e captar um pouco de atenção da população portuguesa?

AA: Penso que o andebol tem crescido muito. O que eu referi anteriormente, relativamente ao trabalho da seleção, contribuiu para isso. É essencial que as televisões e a imprensa que segue o andebol façam-no de uma forma correta. Juntando tudo isto, revela-se necessário trabalhar em prol de um objetivo comum. Nós temos qualidade. Há muitos jovens jogadores com qualidade. Falta é o backstage para elevar a modalidade.

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