Não, o pager não morreu. Ainda existem milhões em utilização

3 semanas atrás 55

As vezes pensamos que algumas tecnologias estão mortas e enterradas. Há sempre uma ou outra que ressuscita por nostalgia e outras que vão passando pelos pingos da chuva e que se vão mantendo ativas. Como o pager, por exemplo. Quem teve um?

Também já foi um Pageboy?

Mas afinal, por que ainda existem milhões de pagers em utilização? Só nos Estados Unidos da América são mais de 2,5 milhões destes aparelhos ativos. A morte do pager não foi declarada em 1999?

A verdade é que quando falamos destes pequenos dispositivos, a conversa geral anda em torno de "ainda fazem essas coisas?" "os pagers são dinossauros", "os pagers são antiquados", "quem usa pagers hoje em dia?", "os pagers desapareceram como o Pong" e por último, mas não menos importante, "porque é que alguém quer um pager quando pode ter um smartphone?"

Ora bem, os pagers, também conhecidos como "bip" em Portugal, foram um dos primeiros dispositivos de comunicação portátil amplamente utilizados. Embora possam parecer uma tecnologia ultrapassada num mundo dominado por smartphones e internet de alta velocidade, os pagers ainda têm o seu lugar em setores específicos.

A origem do pager

O primeiro pager portátil foi lançado em 1964 pela Motorola, sob o nome de "Pageboy I". Ao contrário dos modelos modernos, o Pageboy I apenas recebia alertas simples, sem transmitir mensagens de texto.

Com o tempo, os dispositivos evoluíram, ganhando a capacidade de receber e transmitir mensagens curtas. Durante as décadas de 1980 e 1990, tornaram-se populares entre profissionais de saúde, empresários e até mesmo adolescentes, que usavam pagers para trocar mensagens rápidas.

O boom nas décadas de 1980 e 1990

Durante os anos 1980 e 1990, os pagers tornaram-se um símbolo de status e eficiência no mundo dos negócios. As empresas de telecomunicações começaram a oferecer planos de mensagens de texto, e os pagers evoluíram para se tornarem mais sofisticados. Alguns modelos começaram a incluir pequenas telas onde os utilizadores podiam ler mensagens alfanuméricas.

A simplicidade dos pagers tornou-os ideais para usos em que a comunicação rápida e fiável era crucial. Médicos, enfermeiros, bombeiros, técnicos de emergência médica e outros profissionais dependiam dos pagers para receber alertas imediatos. Por serem dispositivos pequenos e fáceis de usar, rapidamente se tornaram uma ferramenta indispensável em situações de emergência.

O auge ocorreu nos anos 90, quando milhões de pessoas em todo o mundo usavam pagers diariamente. Grandes empresas de telecomunicações, como a Motorola e a NEC, lideraram o mercado com inovações que tornaram os pagers mais acessíveis e fáceis de usar.

Durante este período, os pagers não só se popularizaram entre profissionais, mas também entre adolescentes e jovens adultos, que os usavam para trocar mensagens privadas num tempo em que os telemóveis ainda eram caros e volumosos.

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O declínio com os telemóveis

Com a chegada em força dos telemóveis e da internet no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, os pagers começaram a perder popularidade. Os telemóveis permitiam chamadas e mensagens de texto instantâneas, tornando estes gadgets obsoletos para o público em geral. Em poucos anos, as vendas de pagers caíram drasticamente à medida que os consumidores migraram para as novas tecnologias de comunicação móvel.

As operadoras começaram a encerrar os seus serviços ou a focar-se em nichos específicos de mercado. No entanto, mesmo com o declínio, os pagers continuaram a ter uma função importante em setores onde a fiabilidade era essencial.

Por que ainda são utilizados?

Apesar de parecerem relíquias do passado, os pagers ainda têm um papel relevante em alguns setores, especialmente na área da saúde. Profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros, continuam a usar pagers em hospitais por várias razões:

Fiabilidade: os pagers usam redes de rádio dedicadas que são mais fiáveis em ambientes onde as redes de telemóvel podem falhar, como em edifícios hospitalares com paredes grossas ou em áreas rurais. A sua capacidade de funcionar em situações de sobrecarga das redes, como em emergências, faz dos pagers uma ferramenta crucial. Simplicidade: a simplicidade dos pagers é uma vantagem em ambientes de alta pressão, como hospitais. Os dispositivos são fáceis de usar, duram muito tempo com uma única carga de bateria e oferecem uma forma de comunicação direta e sem distrações. Segurança: os pagers não estão conectados à internet, o que os torna menos vulneráveis a ataques cibernéticos. Em setores como a saúde, onde a proteção de dados é fundamental, esta característica pode ser uma grande vantagem. Baixo custo: em comparação com smartphones, os pagers são muito mais baratos e requerem menos manutenção. O seu custo-benefício continua a ser atraente para hospitais e outras instituições que necessitam de comunicação instantânea e eficiente.

Além da área da saúde, os pagers também são utilizados em situações de emergência, como em serviços de bombeiros e resgate. Devido à sua fiabilidade em situações críticas, estes dispositivos continuam a ser uma escolha popular em locais onde a comunicação rápida e segura é essencial.

Os pagers podem já não ser o principal meio de comunicação para a maioria das pessoas, mas continuam a desempenhar um papel crucial em certos setores. A sua história é um lembrete da rápida evolução das tecnologias de comunicação, mas também da importância da fiabilidade em situações críticas.

No final, o pager pode ser visto como um sobrevivente discreto da revolução tecnológica, provando que, mesmo numa era de smartphones, ainda há espaço para soluções simples e eficazes.

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