Navalny. Centenas homenageiam opositor do Kremlin em Berlim

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Filipp vai ouvindo os discursos, em alemão e em russo, dos ativistas no palco improvisado. Segura um cartaz com a cara de Navalny e uma mensagem com letras vermelhas: "o regime de Putin mata, temos de pará-lo".

O russo de 31 anos, que viveu quase toda a vida em Moscovo, recorda a única vez que esteve pessoalmente com Alexei Navalny, há vários anos.

"Ele era a nossa esperança, a nossa força", sublinhou.

Chegou a Berlim há dois anos, já depois da guerra com a Ucrânia ter começado. Era opositor do regime, e por temer pela própria vida, decidiu deixar o país. Na Alemanha sente-se seguro, apesar de ter ainda dois avós na Rússia, e para prová-lo deixa-se fotografar.

"Esta ditadura tem de ser parada, o que aconteceu com Navalny não tem palavras. Gostava de um dia poder voltar ao meu país, mas vejo essa realidade cada vez mais distante", lamentou.

Além de Berlim, outras concentrações espontâneas estão a ser convocadas para hoje em cidades alemãs como Dusseldorf, Hamburgo, Dresden, Munique, mas também em países vizinhos como na Polónia.

Anja segura um ramo de flores amarelas, e vai chorando silenciosamente. É alemã, não tem amigos nem familiares russos, mas confessa que "como ser humano que valoriza a democracia" não consegue ficar indiferente.

"Sinto dor como se tivesse perdido alguém próximo. Sabíamos que isto podia acontecer, que isto iria acontecer mais tarde ou mais cedo, mas quisemos sempre acreditar que a justiça seria mais forte. Não foi. A voz da oposição na Rússia, a mais forte, foi silenciada. E perdemos todos com isso", desabafou.

Com os dois cães seguros pela trela, Paula, alemã a trabalhar na área dos direitos humanos, não queria deixar de vir até ao centro da cidade prestar homenagem a um homem "que nunca desistiu, nunca cruzou os braços".

"Tenho vários amigos russos e não podia deixar de vir até aqui. Achei que iria chegar tarde, que já não ia encontrar ninguém, não estava à espera de ver tanta gente. É triste, mas bonito ao mesmo tempo", sublinhou, acendendo uma vela.

Como em Berlim, em diversas capitais europeias concentraram-se esta tarde admiradores de Navalny. Foi o caso de Varsóvia, Riga, Talin e outras.

O opositor russo Alexei Navalny, um dos principais críticos de Vladimir Putin, morreu na prisão, segundo o serviço penitenciário federal da Rússia.

Navaly, 47 anos, estava numa prisão no Ártico, para cumprir uma pena de 19 anos de prisão sob "regime especial" e, segundo aqueles serviços, sentiu-se mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.

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