“Nenhum movimento de reparação vai pagar o que foi feito”

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Falada por mais de 260 milhões de pessoas, a Língua Portuguesa será celebrada este domingo em Coimbra, na Casa da Cidadania da Língua, José Manuel Diogo, diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, considera que a cultura é primordial para o desenvolvimento económico

4 Maio 2024, 10h00

Que celebração será esta que irá decorrer em Coimbra?
Vamos ter um dia cheio, entre as 10h00 e as 20h00 na Casa da Cidadania da Língua. Vamos ter uma parceria muito importante com o clube de mulheres empreendedoras da CPLP em que vamos dinamizar um curso de empreendedorismo para mulheres migrantes. É uma novidade destinada às mulheres migrantes com especial ênfase para as que falam português que queiram empreender num país que não é o delas. É muito importante a ligação entre a cultura e os negócios. A ignorância e o desconhecimento provocam sempre afastamento e a cultura junta-as. Essa confiança é o ingrediente essencial para fazer negócios. A cultura vem sempre primeiro. Entre Portugal e Brasil temos a mesma língua mas com entendimentos muito diferentes. É importante cuidar dessa aproximação.

Porque é que continua a ser tão importante celebrar a Língua Portuguesa?
Porque é uma língua falada por 3,7% da população mundial, porque é um idioma utilizado por organizações internacionais e por outro motivo muito importante: o português é um idioma trans-hemisférico porque esta é uma língua falada em quatro continentes e vivemos num mundo em que as pontes e sobretudo a economia está cada vez mais num plano de igualdade e requer cada vez essa igualdade na relação entre norte e sul. Essa ligação sempre foi muito desigual e causa muitos problemas para os quais só agora a sociedade começa a perceber devido à globalização: há uma realidade diferente.

E o Brasil tem um papel fundamental nessa dinâmica.
Sem dúvida. O português do Brasil é o “carro-chefe” da nossa língua até porque a CPLP só existe quando o Brasil se junta a essa comunidade e a torna operacional. O Brasil tem algo que os países de Língua Oficial Portuguesa não têm que são recursos económicos para fazer as coisas funcionar. Hoje vivemos um ciclo político importante no Brasil, no fortalecimento do soft power da língua portuguesa e existe essa tendência natural que está na génese daquilo que Portugal construiu (e destruiu) por esse mundo fora. Se a isso aliarmos o hard power económico no Brasil, podemos falar pela primeira vez de norte e sul em pé de igualdade no mundo. Isso pode criar um desequilíbrio que o mundo tanto precisa, com uma nova força geopolítica que contrabalance a dicotomia Rússia – China.

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