Netanyahu nega “catástrofe humanitária” e troca farpas com o ministro da Defesa, que exclui governo israelita em Gaza (guerra, dia 211)

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Benjamin Netanyahu negou, esta quarta-feira, a existência da “catástrofe humanitária” temida pela comunidade internacional em Rafah, afirmando que esta situação de emergência extrema foi evitada por Israel na sequência da operação militar que decorre há uma semana naquela cidade do sul de Gaza, na fronteira com o Egito e onde se encontram 1,4 milhões de pessoas.

“De momento, cerca de meio milhão de pessoas foram retiradas da zona de combate de Rafah. A catástrofe humanitária de que temos estado a falar não aconteceu e não acontecerá", declarou o chefe do Governo israelita, em comunicado citado pela Lusa. Segundo Netanyahu, as tropas israelitas estão a “combater em toda a Faixa de Gaza enquanto retiram a população civil e cumprem as suas obrigações para satisfazer as necessidades humanitárias”.

Desde que, a 7 de maio, iniciou a incursão terrestre em Rafah, o exército israelita tem pedido aos habitantes das zonas em causa que saiam das suas casas através de folhetos e mensagens enviadas para os telemóveis. Mas, de acordo com a população, os bombardeamentos são muito rápidos, levando os civis a fugir em pânico, relata a Lusa.

Numa altura em que ocorrem ferozes combates entre os militares israelitas e os grupos armados palestinianos em Jabalia, no norte de Gaza e em Rafah, e sem qualquer acordo de paz à vista, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, instou o primeiro-ministro a excluir publicamente qualquer solução que envolva o estabelecimento de um governo israelita naquele território palestiniano.

"Está a desenvolver-se uma tendência perigosa que faz avançar a ideia de uma governação militar e civil israelita em Gaza. Trata-se de uma opção negativa e perigosa para o Estado de Israel do ponto de vista estratégico, militar e de segurança", explicou num discurso televisivo emitido esta quarta-feira.

O governante sublinhou que “o fim da campanha militar deve ser acompanhado de uma ação política”. “O ‘dia depois do Hamas’ só será alcançado com as entidades palestinianas a assumirem o controlo de Gaza, assistidas por atores internacionais, criando uma alternativa de governo face ao domínio do Hamas. Este é, acima de tudo, um interesse do Estado de Israel”, considerou, de acordo com o jornal ‘The Times of Israel’.

"Exorto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a tomar uma decisão e a declarar que Israel não exercerá um governo civil na Faixa de Gaza”, desafiou o ministro, que não obteve, contudo, a resposta desejada. “Não estou preparado para trocar o ‘Hamastão’ pelo ‘Fatahstão’. A primeira coisa que fiz depois do 7 de outubro foi ordenar ao exército que destruísse o Hamas… A primeira condição para [planear] o ‘dia seguinte’ é eliminar o Hamas – sem desculpas”, respondeu Netanyahu numa mensagem replicada pela Al Jazeera.

OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA

⇒ Os EUA vão entregar a Israel armas no valor de 1,16 mil milhões de euros, disseram funcionários governamentais a comissões do Congresso norte-americano, avançou o ‘Wall Street Journal’. O novo pacote de ajuda inclui 700 milhões de dólares norte-americanos (646 milhões de euros) em munições para tanques, 500 milhões de dólares (462 milhões de euros) em veículos táticos e 60 milhões de dólares (55,4 milhões de euros) em morteiros.

⇒ Um grupo de israelitas voltou a bloquear e vandalizar uma coluna de ajuda humanitária da Jordânia, naquele foi o sexto incidente do género esta semana, segundo a Lusa. Na segunda-feira, outro grupo tinha atacado uma coluna humanitária perto de Hebron, impedindo que alimentos e bens essenciais cheguem ao enclave palestiniano.

⇒ O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apelou em comunicado a Israel que “cesse imediatamente” as suas operações militares em Rafah, sob pena de ver a “relação com a UE inevitavelmente afetada”.

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