«No Brasil, os jogadores diziam-me que quando vencem apenas sentem alívio»

4 meses atrás 99

No arranque da sexta edição do Fórum Internacional da Quarentena da Bola - espaço de debate criado por Rémulo Marques, antigo jornalista e diretor desportivo com passagens por Boavista, Fafe, FC Zimbru, Leixões e Camacha -, a última sessão do dia ficou marcado pelas palestras de Renato Paiva e Nuno Campos.

Com a presença exclusiva do zerozero como media partner, os treinadores portugueses que trabalham juntos - pela primeira vez na carreira - no Toluca (México) abordaram o «casamento» entre ambos e discutiram uma série de temas, entre os quais a «ausência de projetos desportivos em Portugal» e a «facilidade» em despedir treinadores.

Renato Paiva, técnico principal do emblema mexicano, falou do momento em que decidiu convidar Nuno Campos para treinador adjunto e deixou rasgados elogios ao ex-adjunto de Paulo Fonseca, classificando o técnico como um «mercedes».

«A abordagem foi minha. O trabalho que desenvolveu com o Paulo Fonseca - aquilo que faziam nos Aves ou no Paços de Ferreira -, um estilo de jogo que é mais habitual num clube grande, de facto despertou-me um interesse: 'afinal, o que estes senhores fazem para que isto aconteça?' Deram-me muitas dores de cabeça quando eles treinavam nos juniores do Estrela da Amadora... Isso chamou-me logo à atenção e eu comecei a acompanhar o trabalho», começou por introduzir.

Em relação à possibilidade do Nuno Campos regressar, num futuro próximo, ao cargo de treinador principal, Renato Paiva foi esclarecedor: «O Nuno sabe que pode voltar a ser treinador principal. Se puder andar seis meses de Mercedes vou andar e é o que vou fazer com o Nuno. Quando aceitou o convite, soube que tinha de aproveitar o Nuno enquanto ele estiver comigo», prosseguindo com uma análise sobre o campeonato mexicano.

«Campeonato fantástico. Não é um jogo tão tático e tem esse aliciante, mas é um jogo aberto, onde as equipas querem ter bola, querem marcar e, como de facto há muito dinheiro, têm intérpretes bons. Daí os estádios também estarem cheios. E são apaixonados pelo futebol. Mas é uma paixão saudável. Onde não há invasões a campo de treinos, ou violência nos jogadores. Adorei o Brasil, mas os jogadores diziam-me que, quando vencem, a única coisa que sentem é alívio. Diziam-me: 'Vou poder ir ao shopping ou passear com a família'. No México isto não acontece», rematou.

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