Nobel da Paz diz que sucesso militar de Kiev pode levar a transição russa

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"Desejo que a Rússia seja um país democrático. Mas sei que só o sucesso da Ucrânia e a derrota militar da Rússia proporcionarão uma oportunidade de futuro democrático para a própria Rússia", disse, durante um encontro com jornalistas na capital britânica, entre os quais a Agência Lusa.

A diretora da organização ucraniana Centro de Liberdades Civis, distinguida com o Nobel da Paz juntamente com um ativista bielorrusso e uma organização não-governamental (ONG) russa, revelou que esta mensagem lhe é passada frequentemente por ativistas dos direitos humanos russos. 

"Quando pergunto aos meus colegas como podemos ajudá-los (...), eles respondem sempre: se vocês quiserem ajudar-nos, tenham sucesso. O sucesso da Ucrânia proporcionará não uma garantia, mas a oportunidade de um futuro democrático para a própria Rússia", vincou.

Matviichuk lamentou que os ativistas de direitos humanos sejam uma minoria na Rússia, enquanto a maioria da população russa apoia a guerra contra a Ucrânia. 

"Esta é uma guerra do povo russo, porque viver no totalitarismo ou sob um regime autoritário muda as pessoas. Quando se vive com medo constante, isso cultiva o chamado desamparo aprendido", referiu, apontando para a falta de mobilização da população para protestar contra o regime. 

Na Rússia, lamentou Matviichuk, ainda predomina uma cultura imperialista. 

O Presidente russo, Vladimir Putin, salientou a advogada, "governa o seu país não apenas graças à repressão e censura, mas também graças a um contrato social especial com as elites do Kremlin e a maioria do povo russo, baseado na chamada glória russa".

A ativista ucraniana rejeita que as eleições presidenciais russas, previstas para a próxima semana (de 15 a 17 de março), possam ser reconhecidas porque não respeitam as regras internacionais.  

"Precisamos de honestidade, coragem e responsabilidade histórica dos líderes políticos mundiais para chamar as coisas como elas são. Putin não será um presidente legítimo da Rússia", enfatizou.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais.

Os aliados de Kyiv também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

O conflito -- que já entrou no terceiro ano - provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.

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