Notícias falsas criadas com IA geram milhões de visualizações

9 meses atrás 106

Grande parte do público, quando confrontado com notícias falsas, não as consegue distinguir das reais. Ainda assim, o público admite recorrer, em primeiro lugar, aos meios de comunicação para confirmar a veracidade das notícias.

Há quem use a Inteligência Artificial para o bem, mas há quem faça precisamente o contrário. Foi o caso das notícias falsas fabricadas com o recurso à IA e reproduzidas por meios de comunicação social no mundo, que geraram interesse por parte da imprensa e dos seus leitores.

Prova disso é o facto destas notícias falsas terem gerado milhões de visualizações no último ano. Um novo estudo da Exclusive Networks e da Netskope mostram o impacto que estas fake news têm no mundo e nos leitores.

Por exemplo, o vídeo em que a democrata Hillary Clinton surge a apoiar o republicano Ron DeSantis gerou mais de 840 milhões de visualizações e foi noticiado por 14 meios de comunicação. Inclusivamente, mais tarde, a “Reuters” realizou um fact-check à notícia.

Outro exemplo: o vídeo em que o Papa Francisco aparece a usar um casaco branco de grandes dimensões foi visto 20 milhões de vezes e referida em 312 publicações de media, sendo o seu alcance superior.

As imagens em que Donald Trump surge a ser preso, na baixa de Washington DC, em março, também foram bastante noticiadas pela comunicação social. Embora tenha sido um evento à espera de acontecer (e que veio a acontecer na segunda metade do ano), imagens criadas por IA tornaram-se virais no Twitter e somaram mais de dez milhões de visualizações. De facto, o interesse no ex-presidente dos Estados Unidos é tanto que a falsa história foi noticiada em 671 publicações.

Mas a maior história reportada, e que não foi gerada por IA, foi a de um drone com IA a matar o seu operador humano. A Força Aérea norte-americana veio desmentir a história que tomou proporções gigantes. No total, apareceu em 1.689 artigos jornalísticos e teve um alcance superior a um milhão de pessoas e uma audiência provável superior a 640 milhões.

“O tempo médio que demora uma história falsa sobre IA a ser corrigida é de seis dias”, diz o estudo. “Um vídeo editado por IA de uma entrevista noticiosa australiana com Bill Gates convenceu os editores durante mais tempo, 15 dias”. Já a notícia sobre o drone foi a que mais tempo demorou a ser desmentida, devido ao atraso da própria Força Aérea em admitir que se tratava de uma visão hipotética.

O estudo evidencia que o público, neste caso norte-americano e britânico, continua a recorrer aos jornais para perceberem se as notícias são reais. “No entanto, as plataformas sociais baseadas em vídeo, como o TikTok e Snapchat, ficaram em segundo lugar, demonstrando a sua enorme influência e importância da regulação da desinformação nestas plataformas”.

Ler artigo completo