Nova época, velhos hábitos

1 mes atrás 34

Flashbacks foi o que não faltou. O Benfica começou novamente a temporada com uma derrota, depois de na temporada passada ter perdido no Bessa por 3-2 na jornada inaugural. Desta feita foi por 2-0, frente ao Famalicão, equipa com quem tinha perdido no jogo que entregou o título ao Sporting na época passada, também por 2-0.

A equipa de Armando Evangelista entrou com todo o gás e inaugurou cedo o marcador por Sorriso. A fechar, Zaydou colocou o jogo no bolso, completando uma exibição notável pessoal e coletiva. A falta de velocidade e o acumular de erros coletivos valeram aos encarnados nova entrada em falso na temporada.

Famashow com flashbacks de 23/24

O arranque de 24/25 do vice-campeão nacional passou por Famalicão, sítio de poucas alegrias no último campeonato, visto que foi nesta cidade minhota que os encarnados entregaram o título ao Sporting, numa derrota por 2-0.

Nos onzes, dois reforços para o Famalicão, três para o Benfica. Nos da casa, Calegari e Rochinha são as caras novas na titularidade, este último já um velho conhecido pelos que acompanham o fenómeno do futebol português. Já Roger Schmidt apostou no mesmo onze que utilizou nos jogos de preparação frente ao Feyenoord e Fulham, com Jan-Niklas Beste, Leandro Barreiro e Pavlidis a serem os reforços no onze. As surpresas foram Neres e Arthur Cabral, que nem constaram na ficha de jogo.

Sorriso inaugurou o marcador @Peter Spark / Kapta+

Desde o momento em que a bola começou a rolar no Municipal viu-se um Famalicão atrevido, defensiva e ofensivamente. Sem bola, a pressão muito alta, em 4-4-2, com Aranda - o avançado - e Gustavo Sá na frente, foi causando muitas dificuldades na construção aos encarnados. Com bola, tentaram sair desde trás e com sucesso, aproveitando o partir do benfiquista na pressão alta para abrir espaço nas meias. O Famalicão era dono e senhor do jogo, algo que se acentuou ainda mais aos 12´. Saída bem sucedida do Fama, que culminou com Aranda a rodar sobre Barreiro e a servir de forma majestosa Sorriso, que não perdeu na cara de Trubin. 

Depois de assegurar a vantagem, os da casa abdicaram de uma pressão tão alta no terreno, mas sem recuar as linhas mais atrasadas. O Benfica, por sua vez, continuou errático. A equipa foi jogando em demasia em função da bola, libertando muito espaço do lado contrário ao que se jogava. Os passes longos também não estavam a sair e Prestianni, quando recebeu na nas meias decidiu sempre mal. A melhor ocasião do Benfica foi oferecida por Sorriso, mas Pavlidis fez um passe a Luiz Júnior. 

Os erros apontados ao Benfica na temporada passada foram sendo repetidos e os flashbacks eram inevitáveis. Do lado do Famalicão, também as impressões eram as mesmas, mas positivas e de realçar a liberdade dada por Armando Evangelista ao talento disponível. O intervalo chegou - para o bem dos males de Roger Schmidt - diga-se. 

Os tempos mudaram, já as vontades...

O segundo tempo trouxe-se Kökçü a jogo, em detrimento do apagado Prestianni, colocando um homem mais organizador do que desequilibrado em drible. As dificuldades, essas, mantiveram-se as mesmas, com o Famalicão a não abrandar o ritmo alto que impôs no jogo desde cedo. Os primeiros 15´ foram cheios de nada, apenas com um remate de fora da área de João Mário a criar perigo à baliza de Júnior. Schmidt voltou a mexer e mudou para 4-4-2, colocando Marcos Leonardo ao lado de Pavlidis e Carreras na lateral esquerda.

A monotonia benfiquista continuava bem presente na partida, com o jogo encarnado a não ter ponta por onde se lhe pegasse. As mudanças pouco mudaram - Di Maria, mais tarde - acrescentou outro perfume - e o Famalicão, em contra-golpe, quase colocou as contas mais difíceis. Zaydou tentou o chapéu a Trubin, que defendeu do alto dos seus 199 centímetros. Depois, foi Aranda - o verdadeiro malabarista - quem ziguezagueou muitos jogadores e atirou um rocket ao poste da baliza do ucraniano. O Famalicão estava mais perto do 2-0 do que o Benfica do 1-1.

Já nos descontos, jogo sentenciado. Cavalgada de Gil Dias, deixou para Mário González fazer o golo e o espanhol, sem qualquer egoísmo, serviu Zaydou, em melhor posição, e o francês carimbou uma exibição de MVP com um belo golo.

O provérbio diz que mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Neste jogo, Schmidt mudou os intervenientes, mudou o sistema, mas nada conseguiu mudar o desacerto e falta de velocidade benfiquista no campo. O Famalicão aproveitou e teve uma tarde de um mérito indiscutível.

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