Nova Frente Popular apresenta moção de censura a primeiro-ministro

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"A existência deste governo, na sua composição e orientação, é uma negação dos resultados das últimas eleições legislativas", segundo a moção, que dificilmente será aprovada, uma vez que o partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês) indicou que não votará a favor.

Para os deputados de esquerda, "o Presidente da República [Emmanuel Macron] deveria ter nomeado a pessoa proposta pela Nova Frente Popular, a coligação que recolheu o maior número de lugares na Assembleia Nacional".

O "segundo motivo de censura" apresentado foram "as orientações políticas do governo Barnier", nomeadamente a recusa do executivo em voltar atrás na reforma das pensões de 2023 e os textos orçamentais que parecem ser "os mais austeros dos últimos vinte e cinco anos".

Além disso, "Michel Barnier parece contentar-se com palavras vazias sobre a defesa do ambiente e do clima", acusam os deputados de esquerda.

"Votar a favor desta moção de censura é denunciar o desrespeito pela tradição republicana com a nomeação de Michel Barnier para o Matignon [a residência oficial do primeiro-ministro]; é preservar o nosso modelo social; é sancionar um governo que adotou os conceitos e o vocabulário da extrema-direita; e é proteger o Estado de direito, que é um princípio intangível", conclui-se no texto.

Laure Lavalette, deputada do RN, reafirmou na quinta-feira que o seu partido não votará a favor do texto da coligação de esquerda.

"Penso que a situação é suficientemente grave para não censurar antecipadamente este governo. Nós vamos, como ia dizer, dar uma oportunidade ao produto (...) não podemos aumentar o caos como vocês estão a fazer", disse Laure Lavalette perante os líderes da NFP.

A moção de censura poderia, no entanto, ser votada para além das bancadas de esquerda por deputados não-inscritos, pelo grupo Liot (independentes) e até pelo campo presidencial.

No dia 2 de outubro, a Comissão de Legislação da Assembleia francesa rejeitou massivamente a proposta de destituição do Presidente francês apresentada pelo partido França Insubmissa (LFI, esquerda radical), maior força no seio da NFP, que acusa Macron de não respeitar o resultado das eleições legislativas de 07 de julho.

Após a NFP ter vencido as eleições, sem maioria absoluta, o Presidente francês decidiu nomear, em setembro, Michel Barnier (centro-direita), o antigo negociador da União Europeia (UE) para o processo do 'Brexit' (saída britânica do bloco europeu), como primeiro-ministro de França.

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