Obcecado por recordes, pouco alimenta mais a ambição de Cristiano Ronaldo que os troféus coletivos. A aventura pela Arábia Saudita não tem sido feliz nesse aspeto, com a frustração do internacional português a aumentar a cada objetivo não conseguido.
Disso foi exemplo o passado sábado, dia em que o Al Nassr acabou vergado frente ao grande carrasco Al Hilal. Durante a partida, CR7 não escondeu a insatisfação com os companheiros e a pressão tem se instalado no clube. O burburinho sobre a continuidade de Luís Castro surgiu nos últimos dias.
Os golos não têm faltado, mas um título em nove oportunidades acaba por ser um ciclo raro numa carreira tão vitoriosa. Vamos à análise.
Raridade na carreira
A impactante chegada de Cristiano Ronaldo ao futebol saudita aconteceu no início de 2023. Depois de um regresso ao Manchester United difícil, pessoalmente e desportivamente, o avançado pareceu reencontrar a felicidade no papel de grande embaixador das ambições desportivas deste país.
Confiante e de sorriso em campo, os bons números individuais não tiveram sequência a nível coletivo. O Al Nassr era líder do campeonato na sua chegada, mas acabou por ser Nuno Espírito Santo a levantar esse troféu pelo Al-Ittihad Jeddah. Na Supertaça e na Taça, eliminações nas meias-finais.
Títulos não têm aparecido apesar dos impressionantes 66 golos @Getty /
Já com Luís Castro no comando - Otávio chegou mais tarde ao plantel -, o início foi prometedor com a conquista da Taça dos Clubes Campeões Árabes, até ao momento o único troféu de Ronaldo no clube. Desde aí, o Al Hilal de Jorge Jesus dominou a nível interno e tem mostrado um domínio difícil de contrariar.
Na grande competição continental, o Al Nassr também não conseguiu ser vitorioso em 2023/24.
A eliminação nos quartos de final da Liga dos Campeões Asiática, contra o Al Ain, acabou por ter outro fator de grande peso: deixou a equipa de CR7 sem hipóteses de estar no renovado Mundial de Clubes em 2025.
Os desejos de mudança de rumo não aconteceram na mais recente Supertaça, jogo em que a vantagem da equipa de Cristiano Ronaldo transformou-se em goleada sofrida. Digerida mais uma desilusão, já esta quinta-feira o foco muda para novas lutas.
Está aí o Sauditão
Após a loucura dos últimos defesos, os grandes clubes sauditas têm estado menos ativos no mercado. A procura tem sido por retocar os plantéis já apetrechados de estrelas, com as vagas para estrangeiros a aumentarem para dez elementos - dois com um máximo de 21 anos - por equipa.
Grande favorito, naturalmente, é o campeão em título Al Hilal. Principais razões para o sucesso? A mestria como Jorge Jesus tem gerido e motivado os jogadores estrangeiros - Rúben Neves incluído -, aliada à qualidade dos elementos locais e o desenvolvimento evidente dos mesmos.
Álvaro Pacheco é cara nova portuguesa na competição @Al-Orobah FC
O regresso de Neymar e o seu estado de espírito são desafios para Jorge Jesus na nova época. Na sua perseguição, além do Al Nassr, vão estar Al-Ittihad Jeddah - do português Jota - e Al-Ahly Jeddah, o quarteto financiado diretamente pelo fundo soberano saudita.
No seguinte grupo, a Al Ettifaq e Al Shabab, de Vítor Pereira, quer se juntar o Al-Qadisiyah. Recém-promovido, o emblema de Khobar já contratou neste defeso nomes como Nacho Fernández, Gaston Álvarez, Ezequiel Fernández e Pierre Aubameyang. Paulo Dybala parece ser o próximo.
Nos outros clubes, não falta presença lusa. Ao serviço de Al Kholood e Al-Orobah, respetivamente, os técnicos Paulo Duarte e Álvaro Pacheco estreiam-se na competição e vão tentar ter uma época tranquila.
Nos jogadores, o contingente português é completado por Pedro Rebocho, Fábio Martins, Afonso Taira, André Moreira e Tozé, a fazer carreira no médio oriente desde 2019.
Após a loucura, uma época que os sauditas esperam de crescimento sustentado na competição. Ronaldo e o Al Nassr vão ser felizes?
Jorge Jesus e Al Hilal têm sido reis @Getty /