É o maior número de sempre: há 2456 lobistas da indústria de combustíveis fósseis com acesso às conversações sobre o clima na 28.ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), a decorrer no Dubai até ao dia 12 de dezembro. Os números são avançados pela coligação Keep Big Polluters Out (KBPO).
Trata-se de “uma presença sem precedentes nas negociações cruciais sobre o clima de representantes de alguns dos maiores poluidores do mundo”, alerta em comunicado a coligação de mais de 450 organizações que pede o fim da influência das empresas de combustíveis fósseis na política climática.
A grande cimeira do clima que começou na última quinta-feira, dia 30, já está a ser marcada por polémicas em torno do negacionismo climático e dos combustíveis fósseis, protagonizadas pelo presidente designado da COP28, Sultan Al-Jaber, que é também o CEO da empresa estatal de petróleo Adnoc e ministro da Indústria e das Tecnologias Avançadas dos Emirados Árabes Unidos.
A cimeira da ONU fica assim ainda mais manchada pela influência das gigantes mundiais do petróleo e gás. No ano passado, na COP27 no Egito, já se tinha registado um aumento de 25% do número de delegados da indústria dos fósseis presentes face à conferência do ano anterior, 2021. Agora foi mesmo atingido um recorde.
Segundo a Keep Big Polluters Out, “o número de lobistas fósseis com acesso à COP28 é significativamente superior ao de quase todas as delegações nacionais — só são ultrapassados pelas 3081 pessoas trazidas pelo Brasil e pelos Emirados Árabes Unidos que, enquanto país anfitrião, trouxe 4409 pessoas”.
“O afluxo da indústria aumenta o apelo para proteger as conversações dos grandes poluidores”, urge ainda a coligação. A KBPO define uma empresa de combustíveis fósseis como “qualquer empresa com interesses significativos na exploração, extração, refinação, comercialização ou transporte especializado de petróleo, gás ou carvão, ou na venda de eletricidade deles derivada”.
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