O crescimento do armazenamento de energia em baterias

No atual contexto de transição energética, torna-se fundamental assegurar flexibilidade, qualidade e segurança no fornecimento de energia, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis. Os sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS – battery energy storage systems), assumem-se como solução para este fim através, por exemplo, da maximização do aproveitamento de energia renovável, armazenando-a em períodos de pico de geração (ex: dias com muito sol e vento) com posterior utilização em horas de pico de consumo (ex: quando chegamos a casa à noite e não há sol/vento), otimizando o balanço entre oferta e procura de energia.

Neste sentido, o novo estudo global da EY – Is it time to invest in battery energy storage as a standalone asset? – analisa a viabilidade comercial de sistemas de armazenamento em baterias em regime autónomo, ou seja sem fazerem parte de parques solares ou eólicos, assim como os principais modelos de negócio. O estudo apresenta as seguintes conclusões:

É expectável que em 2030, a nível global, estejamos perante um mercado de serviços de armazenamento em baterias 10 vezes maior que o atual. Os sistemas de armazenamento em baterias, em modo autónomo, são cruciais na flexibilização da rede elétrica e valorização das energias renováveis. Os 3 principais modelos de negócio, associados a cerca de 90% do total de receitas a nível global, correspondem a:
a. Serviços de Sistema, em que as baterias providenciam serviços como regulação de frequência e controlo de tensão, contribuindo para a estabilização da rede elétrica
b. Arbitragem de preços, através do armazenamento de energia nas baterias a um custo mais baixo e injeção no sistema quando o preço é maior, com aproveitamento do spread entre preços
c. Mercados de capacidade, com celebração de contratos de energia resultantes da promoção de leilões de capacidade de sistemas de armazenamento para atender a potenciais necessidades futuras do sistema elétrico A análise sugere que um sistema típico standalone (20 MW, em ciclos de 4h) com prestação de múltiplos serviços (revenue stacking) tem o potencial de atingir uma TIR de 9-10%

O Reino Unido apresenta-se como uma das referências deste mercado, com um aumento de 69% do pipeline de projetos no último ano e um investimento esperado de cerca de 18 mM€ até 2030. Em Portugal, o apoio previsto de 100M€ no âmbito do PRR e a meta presente no PNEC de 1GW de capacidade de armazenamento em baterias para 2030 representam marcos cruciais na evolução deste mercado, em linha com a evolução global, não esquecendo que:

Existe valor acrescentado no aproveitamento de capacidade de geração à escala nacional, em que a incorporação de soluções de armazenamento em baterias poderá, em 2040, aproveitar até 19 TWh de energia O revenue stacking, com a possibilidade de fornecimentos de múltiplos serviços, é crítico para a viabilidade económica destes sistemas, permitindo retorno sobre o investimento Um regulamento claro e granular é chave para a decisão de investimento, permitindo tarifas e enquadramentos destes ativos mais abrangentes que os atuais

O armazenamento de energia em baterias assume um papel crucial na transição energética, abrindo um leque de oportunidades financeiras e estratégicas que redefinirão o panorama energético nacional. Estaremos nós perante o advento deste mercado? As evidências mostram que Sim.

Pode ler o estudo EY aqui: https://www.linkedin.com/posts/ey-parthenon_battery-energy-storage-systems-bess-activity-7201841263808012292-jHqg?utm_source=share&utm_medium=member_desktop