«O dono do clube era da máfia e deu-me o prémio de assinatura numa mala, parecia um filme»

2 horas atrás 23

O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.

Com um vasto currículo internacional, Bruno Luz passou vários anos da sua carreira em Chipre. Um dos clubes que o extremo representou foi o Ermis, sendo que a chegada da cidade de Aradippou foi atribulado.

«O dono do clube era da máfia e toda a gente que jogou lá sabe disso. Ele é a única pessoa que conduz um Rolls Royce Phantom no Mediterrâneo, dá para ter noção... É um homem muito carismático e a forma como o conheci mostra isso mesmo. Eu ia de férias e entretanto recebo uma chamada mesmo no estilo de máfia, à filme: "Bruno, quero que venha cá a casa. Preciso de falar contigo". Eu sabia quem ele era de nome, mas não o conhecia. No entanto, ele era alguém que andava sempre com dois capangas atrás, ele circulava num carro e depois havia sempre outro a escoltá-lo», começou por referir Bruno Luz, que descreveu depois o luxo com que se deparou: 

Bruno Luz
Ermis Aradippou
2022/2023

23 Jogos  1922 Minutos

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«Fui ter com ele, a casa tinha portões quase até ao sétimo andar, campo de futebol para jogar 9x9, duas piscinas, 20 carros...Fui ao escritório dele e ele só me disse assim "Quero-te na minha equipa para o ano, quanto é que queres ganhar? Mas olha que eu sei quanto é que ganhavas no Apollon [clube no qual Bruno já tinha jogado em Chipre]". Eu só respondi "Presidente, as coisas não são assim, vamos falando. Você dá-me um número e durante as férias eu penso", mas ele insistiu "Não, eu quero que vás de férias já com contrato assinado".

Tirou uma daquelas malas cinzentas, abriu-a pôs maços de notas de 500 à minha frente. Disse-me para aproveitar as férias com a minha família e para eu lhe mandar só uma mensagem com o número que queria, relembrando-me, mais uma vez, que sabia quanto é que eu ganhava no Apollon. Ou seja, ele queria que eu lhe desse um valor próximo do que recebia.»

O desfecho? Bruno Luz assinou pelo clube.

«Na altura ele deve ter-me dado 80 mil euros, numa espécie de prémio de assinatura. Como foi em dinheiro vivo, tive de pedir a três colegas meus que trouxessem 10 mil euros- o valor máximo permitido numa viagem de avião- cada um para Portugal e fiz a transferência do resto para Portugal», rematou.

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