O duelo que ninguém esquecerá

2 meses atrás 92

Dos 31 dias que compõem o Campeonato da Europa, 30 já passaram.

Dos 51 jogos que compõem esta edição da maior prova continental de seleções, 50 já foram.

Restam apenas 90 minutos (quiçá 120) de futebol, depois da bola já ter rolado durante mais de 79 horas!

Mas apesar desses números, há um facto que se posiciona algures entre o tranquilizador e o desconcertante: aquilo que vamos guardar nas nossas memórias coletivas acerca do Euro 2024, ainda não aconteceu...

É essa a natureza humana. A parte que melhor sobrevive ao teste do tempo é quase sempre o pico de qualquer experiência e muito provavelmente esse será o caso aqui também. Quando pensarmos nesta competição, daqui a um, quatro ou 10 anos, a mente viajará automaticamente para os maiores acontecimentos do jogo entre Espanha e Inglaterra, marcado para este domingo.

Uma Espanha que persegue o recorde

Comecemos por falar da seleção espanhola, que chegou a este torneio sem entrar na lista de favoritos da maior parte dos adeptos mas acabou por conquistá-los dentro das quatro linhas. Não com o tiki-taka de outros tempos, mas com muita verticalidade e vertigem patrocinada pelos elementos mais jovens do ataque: Nico Williams, que celebrou 22 anos a dois dias da final, e Lamine Yamal, que completou os 17 nesta véspera.

No seu primeiro torneio como selecionador principal, Luis De La Fuente apresentou uma equipa dinâmica e interessante. Há experiência na defesa, qualidade de sobra num meio-campo liderado por Rodri, e à frente brilha o ataque mais concretizador de todas as equipas que se apresentaram em solo alemão. São já 13 golos - quase o dobro dos ingleses, que ainda só festejaram sete vezes.

Uma das seleções mais impressionantes dos últimos anos @Getty

Se não era favorita há um mês, já o é! Para chegar ao Olímpico de Berlim, a fúria roja somou nove pontos no grupo da morte (Itália, Croácia e Albânia), goleou a Geórgia, eliminou a anfitriã Alemanha e ainda mostrou o caminho de casa aos franceses. O caminho era traiçoeiro, mas foi navegado na perfeição por uma equipa que tem todas as ferramentas para acabar a semana em festa.

E se por acaso faltasse motivação do lado espanhol, há ainda um dado curioso neste jogo. Vencendo o duelo deste domingo, a Espanha isola-se como a equipa mais vencedora na história do Campeonato da Europa, com quatro troféus!

E uma Inglaterra que desespera por glória

Do lado inglês, nesta altura, o sentimento é principalmente de cautela. Cânticos de «it's coming home» são mais motivados por fé do que por arrogância, quando saem das gargantas de adeptos que só por uma vez celebraram uma conquista: o Mundial de 1966. No Campeonato da Europa esta é apenas a segunda final, três anos depois da primeira...

Talento inglês chega para o título? @Getty

Essa derrota caseira frente a Itália, nos penáltis, ainda não foi totalmente processada em Inglaterra. Talvez nem precise de o ser! Com uma vitória este domingo, o futebol poderá voltar a casa e toda a amargura de décadas será esquecida. Mas para isso acontecer, a turma de Gareth Southgate terá de apresentar uma exibição bem mais convincente do que algumas das que surgiram neste último mês.

A solidez defensiva é a aposta maior da equipa dos três leões, mas nem sempre existe. A qualidade individual do ataque é extensa, mas raramente se traduz em muitas ocasiões e golos. Declan Rice, Jude Bellingham, Phil Foden e Harry Kane estão na discussão para os melhores do mundo nas respetivas posições, mas só a sua melhor versão será capaz de contrariar os espanhóis, que de momento parecem ser uma máquina bem mais funcional.

A decisão é em campo, a partir das 20h00 deste domingo. Não sabemos o que acontecerá, nem quem sairá sorridente, mas uma coisa é certa: de todo o Euro 2024, este é o duelo que ninguém esquecerá.

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