O estranho caso do email, a cunha que se "ouvia" e o erro da "vaidade". A audição à mãe das gémeas em cinco pontos

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Daniela Martins, a mãe das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com o medicamento mais caro do mundo, em 2019, num processo envolto em dúvidas, voou até Portugal. Esta sexta-feira, foi ouvida na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso das gémeas, durante mais de quatro horas.

Algumas questões ficaram ainda por esclarecer. Mas, pela primeira vez, ouviu-se de viva voz a versão dos factos da mãe das gémeas luso-brasileiras.

Amigos de Nuno Rebelo de Sousa?

Em vários momentos, Daniela Martins garantiu não conhecer Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República. Nem amigos Nuno Rebelo de Sousa.

“Não tenho como saber se foi cunha. Pedi ajuda a toda a gente. Não é absurda a ideia de uma pessoa que tenha pedido ajuda a outra, chegando ao Nuno Rebelo de Sousa, que é empresário e morava na mesma cidade que eu. Chegou também a artistas”, disse.

Afirmou também só ter conhecido a esposa de Nuno Rebelo de Sousa, Juliana Drummond, em 2022. Ou seja, após o tratamento.

Todavia, um email revelado na CPI pelo Chega pôs em causa essa versão dos factos.

O caso estranho do email assinado, mas sem autora

O Chega levou para a CPI um email de Daniela Martins, datado de 17 de dezembro de 2019, enviado a Juliana Drummond e também dirigido ao então secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales.

Aí, segundo Ventura, lê-se: “Bom dia dr. António Sales, gostava de lhe agradecer toda a atenção que tem sido dada às minhas filhas.”

Daniela Martins negou ter enviado o email, mas não disse ser falso.

“Alguém deve ter enviado da minha conta pessoal. Não posso garantir que tenha sido eu que escrevi. Várias pessoas tinham acesso à minha caixa de email”, afirmou.

Houve cunha? Em 2019, era o que se “ouvia”

A mãe das gémeas luso-brasileiras assumiu que, em 2019, acreditava que tinha tido ajuda ou “cunha” do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa em relação ao tratamento.

Era o que se “ouvia” no Hospital Santa Maria, disse, em mais do que um momento.

“Era o que era ouvido no hospital: que eu tinha tido a ajuda do Presidente da República.”

O “erro” da vaidade

A mãe das gémeas puxou a si a responsabilidade pela tese da “cunha” – por causa da gravação divulgada pela TVI, em que fala em “pistolão”.

"Numa conversa, supostamente informal, vangloriei-me. Afirmei ter havido uma rede de influências, em que os médicos começaram a receber ordens de cima. Sobre isso só posso pedir imensas desculpas, a toda a gente de Portugal. Fui parva, errei e errei porque disse algo que não era verdade por vaidade naquele momento", disse.

A queixa contra "comunicação social sensacionalista"

Daniela Martins revelou que avançou com uma queixa em tribunal contra a TVI.

"Com essa comunicação social sensacionalista e jornalistas sem princípios, já tenho uma queixa-crime a decorrer no DIAP de Oeiras. Espero que esse caso sirva não só para criar culpados, mas para que os deputados possam mudar as coisas no sentido de proteger as pessoas, em especial as crianças", afirmou.

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