"O Fabuloso Destino de Amália" estreia-se esta semana em Lisboa

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A peça, com encenação de Carlos Norton, é interpretada por um elenco constituído por Carla Pires, no papel de Amália, Luís Pucarinho, Carla Pontes, Adelmo, que se estreia em palco, e Luanda Cozetti.

Em declarações à agência Lusa, o encenador Carlos Norton justificou a opção pelo formato de radionovela, "género muito popular na época [dos começos da carreira] de Amália", "para apresentar algo que tinha a ver com a história da Amália".

Amália Rodrigues (1920-1999) iniciou a carreira em 1939, no Retiro da Severa, em Lisboa, e ao longo de mais de 50 anos pisou alguns dos principais palcos internacionais como L`Olympia, em Paris, o Lincoln Center, em Nova Iorque, e o Concertgebouw, em Amesterdão.

"O Fabuloso Destino de Amália" tem início no 13.º aniversário de fadista, em 1 de julho de 1933, "um ano simbólico", correspondendo "ao último de liberdade e o início da ditadura" com a proclamação da nova Constituição que institui a ditadura do Estado Novo, que só viria a ser deposta em 25 de Abril de 1974.

"Foi um ponto de viragem, foi intenção que se retratasse a Amália ainda antes de começar a carreira, e, se calhar, foi o último ano de liberdade, antes de começar o Estado Novo, daí esse simbolismo da liberdade e das crianças, enquanto espírito livre", disse.

Carlos Norton realçou à Lusa que se pretende pôr em palco "a vida de Amália Rodrigues, não de uma forma saudosista, mas numa forma de saudação e homenagem àquilo que foi a sua vida, a história do fado e da música e a da rádio - que, claro, cruza-se tudo".

Musicalmente, a peça percorre o repertório amaliano, "desde `Ai, Mouraria` até ao `Sr. Extraterrestre`, que Carlos Paião compôs para ela", passando por temas internacionais aos quais a diva deu voz, como a ranchera mexicana "Fallaste Corazón" ou a canção italiana "Canzone per Te", de Sergio Endrigo.

À Lusa, o encenador sublinhou o "multiculturalismo" do repertório da diva, que a peça assinala.

"O multiculturalismo tem a ver com a própria história da Amália, que não só levou o fado a todo o mundo, como ela própria cantou uma série de músicas diferentes e foi extraordinariamente aberta e arrojada, não só nos arranjos das músicas que interpretava, como em aceitar desafios e interpretar músicas de outros territórios", afirmou Norton, lembrando como esta evidência "está patente na discografia" de Amália.

O encenador destacou o facto de este projeto comunitário ser apresentado em Lisboa, "uma cidade muito multicultural", o que se reflete na peça com a participação de atores de diferentes geografias da lusofonia, desde as regiões portuguesas como o Alentejo ou o Algarve, até ao Cabo Verde de Adelmo e ao Brasil de Luanda Cozetti.

"O elenco foi escolhido, na verdade, com base, nos territórios [lusófonos]", sublinhou Carlos Norton.

O projeto comunitário envolve as associações Sempre Ligados, Espaço Mundo e a Per 11, e está relacionado com a Alta de Lisboa, sendo apoiado pelo município através do programa "Bip Zip".

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