O legado de um génio

2 meses atrás 87

Fausto Bordalo Dias é um génio que enriqueceu a cultura portuguesa. Deu voz e nova vida a Fernão Mendes Pinto, resgatou a história trágico-marítima e contou o deslumbramento dessa última geração de portugueses que acreditava profundamente em África. Deu nova vida a ritmos populares para produzir algo novo, que ficará para sempre. A trilogia iniciada em ‘Por este rio acima’ prosseguiu demoradamente com ‘Crónicas da terra ardente’ (1994) e ‘Em busca das montanhas azuis’ (2011). Antes da trilogia que é uma leitura dos 5 séculos da história de Portugal, dos primórdios da expansão ultramarina até ao fim do império, já tinha cinco álbuns, musicou o ‘namoro’ cantado por Sérgio Godinho, produziu boa música, esteve ao lado de outros artistas, deixou marca.Nascido no Atlântico, a bordo do ‘Pátria’, quando os pais beirões iam a caminho de Angola, é um desses portugueses enredados nas últimas teias que o império lusitano teceu. Nunca se vendeu, foi fiel aos seus princípios. O último álbum acaba com um poema pungente dedicado à mãe, que trocou o planalto da Beira Alta por outros planaltos em Angola: “Chegaste no rasto da luz pela água/ Ao deserto da areia florida/Welwitschia mirabilis/E nunca mais/Uma andorinha/Tão breve que fosse/Deixou de voar/Nas asas leves e azuis/Do planalto da minha infância/Eu sei que te abandono/Quando agora parto pela orla de todos os mares/Mas tu ficas para sempre/No perfume das chuvas/Alice.”

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