É Lisboa, Bilbau e Londres. Leia-se MAAT, Guggenheim e Tate Modern. Na reta final do ano, três exposições celebram o cientista do sublime.
Atualmente, fala-se muito em exposições imersivas. Antes de fazer juízos de valor recorremos ao dicionário. Imersivo: “1. que faz imergir; 2. que se realiza por imersão; 3. figurado que, por estimular diversos sentidos em simultâneo, transmite ao utilizador a sensação de ser parte integrante da ação; 4. figurado que suscita a sensação de estar rodeado ou envolvido por.”
E antes que o leitor tire conclusões precipitadas, no caso de “Rooms”, a primeira exposição individual do artista britânico Anthony McCall em Portugal, imersiva é o adjetivo certo, pois convida o visitante a fundir-se com as suas criações, a entrar e a sair delas, a acrescentar camadas e narrativas. Obras no limiar da instalação, cinema e desenho, insinuam-se como esculturas de luzes sensoriais. Performance? Talvez. Experimental? Sem dúvida. Sensorial? Muito, pois apela à imaginação, a espraiar os sentidos para lá daquilo que nos é mostrado.
A fisicalidade das formas desenhadas pela luz abriu caminho a um conceito que McCall cunhou na década de 70 e que marcou a sua trajetória como artista, “Light Describing a Cone” (1973). Ponto de partida? O artista cobriu a janela do seu estúdio com um papel preto e nele rasgou uma fenda estreita. Quando o sol incidiu sobre a janela, uma lâmina de luz projetou-se no interior da sala. A poeira suspensa nesse feixe de luz e o fumo de um cigarro adicionaram densidade e a imagem ficou-lhe na retina e na memória.
Reza a história que terá desenhado essa “visão” no barco que o levou de Southampton a Nova Iorque, quando trocou o Reino Unido pelos EUA, onde vive há quase cinco décadas.
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