É cada vez mais claro para todos que Donald Trump será o próximo presidente dos Estados Unidos. O seu regresso coloca novos desafios a todo o globo – mas de algum modo aos europeus em particular. É que, nos quatro anos que medeiam entre a primeira e a segunda provável vitória de Trump, a Rússia invadiu a Ucrânia. E isso muda tudo. Ou então não: os europeus continuam a acreditar que, no fim, sobrevivem sempre – o que, até agora, tem sido verdade.
Depois de uma primeira presidência de quatro anos à frente do país mais importante do mundo, Donald Trump – que está numa posição muito invejável para substituir Joe Biden, um dos mais idosos habitantes da Casa Branca – tem ‘jurisprudência’ consolidada.O exercício de antecipação do que podem ser os quatro anos em que provavelmente se manterá, de novo, à frente do destino dos Estados Unidos e seus arredores (o resto do mundo) não é, por isso, uma construção no vazio. Mas, como recorda o embaixador Francisco Seixas da Costa, “a imprevisibilidade é um dos traços mais evidentes da personalidade” do incumbente.
Uma coisa parece certa: na frente económica, ninguém consegue antecipar nenhum benefício que possa resultar de uma eventual vitória de Donald Trump. O economista e ex-ministro Augusto Mateus, “o mundo está perigoso, e uma eventual eleição de Donald Trump é mais um elemento de incerteza. Precisamos de segurança, de estabilidade, de maior foco no futuro”, disse em declarações ao JE.
Com uma visão sempre mais à frente em termos teóricos, Augusto Mateus tem dúvidas sobre se a perceção de que Trump acabará com o que resta do multilateralismo é um fator que merece ser ponderado. “Tenho dúvidas sobre se vale a pena agarrarmo-nos ao que resta. O grande problema é que nós precisamos de construir outras instituições internacionais. Se pudéssemos manter as que temos, as coisas eram mais simples – mas temos um conjunto de instituições desconjuntadas. Precisamos de uma nova conceção do que devem ser as Nações Unidas – que já não conseguem, preencher a sua função. Algumas instituições essenciais mantêm-se nos moldes com que foram fundadas a seguir à Segunda Guerra Mundial”, e não é nada disso que o mundo precisa.
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