O piquenique de Cotrim com ucranianos. "Não podemos esperar que a Ucrânia se defenda sem armas"

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Europeias 2024

02 jun, 2024 - 23:13 • Filipa Ribeiro

A Iniciativa Liberal reafirma o apoio a Kiev. O candidato às europeias organizou um convívio onde apareceram poucos ucranianos que defenderam mais apoios na defesa e menos burocratização. No encontro, Rui Rocha criticou a tendência do Governo de "apresentar muitos planos".

Ouça aqui. Cotrim faz piquenique com ucranianos
Ouça aqui. Cotrim faz piquenique com ucranianos

A Iniciativa Liberal insiste estar ao lado da Ucrânia. Desta vez, organizou um piquenique para menos de um dezenas de ucranianos que estão a viver em Portugal. O encontro aconteceu na tarde deste domingo, no Parque da Paz, em Almada, um nome que representa o que os ucranianos querem para o país. Numa das várias mesas montadas com toalhas ao xadrez vermelho e branco, João Cotrim de Figueiredo convidou três ucranianas a sentarem-se para ouvir as preocupações.

O candidato da Iniciativa Liberal começou por questionar o que é que os portugueses, os partidos políticos de Portugal e o Governo podem fazer pela Ucrânia. Rapidamente Djena Vyshnevska, que fugiu de Kiev há mais de dois respondeu: “mais defesa para a Ucrânia e facilidade em conseguir os documentos”. Djena veio para Portugal logo que começou a invasão diz que quando chegou foi difícil.

“Não sabia para onde ia só tinha mochilas e um cão”, conta. Depois acabou por ficar em casa de uma família portuguesa, que a ajudou a encontrar o apartamento onde vive atualmente.

Apesar de a habitação já não ser uma dor de cabeça, Djena, de 38 anos, lamenta as dificuldades que existem em revalidar toda a documentação. “Temos alguns problemas com a documentação”, começa por contar. “A Sabba”, continua, referindo-se à amiga que a acompanha, “pediu a licença de condução há pouco tempo e já a recebeu, e eu que pedi há muito tempo tenho de esperar pelas marcações”, diz.

A João Cotrim de Figueiredo, Djena diz estar nesta situação há seis meses. Em conversa com jornalistas, conta que o que acontece é que, quando se regressa de uma visita à Ucrânia, as autoridades questionam sempre o porquê de não terem os documentos revalidados, o que gera sempre uma situação desconfortável.

A queixa sobre a burocratização e a necessidade de ajudar mais a Ucrânia foram duas das notas dos ucranianos que João Cotrim de Figueiredo apontou na memória. Em declarações aos jornalistas, o candidato da Iniciativa Liberal reafirmou que é necessário continuar a apoiar a Ucrânia.

“A facilidade burocrática para se integrarem é um paralelo ao que se passa na AIMA, como dificuldades na correspondência dos documentos da Ucrânia a documentos portugueses e sobre o apoio militar é preciso mais, não podemos estar à espera de que a Ucrânia se defenda sem armas e sem uma defesa eficaz não pode haver negociações equilibradas”, disse Cotrim de Figueiredo.

O candidato da Iniciativa Liberal criticou ainda os acordos bilaterais assinados na semana passada, durante a visita do Presidente ucraniano a Portugal. “Os acordos bilaterais, se não houver coordenação suficiente entre Estados, acabam por não surtir o mesmo efeito”, diz o liberal, que volta a referir a proposta do partido de “ter o pilar europeu da NATO devidamente apetrechado para se poder prestar apoio militar”.

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Ao lado de João Cotrim de Figueiredo esteve o presidente da IL, Rui Rocha. Questionado pelos jornalistas sobre o plano do Governo para a migração, que será apresentado na segunda-feira, Rui Rocha defendeu, à semelhança de Cotrim, que a prioridade deve ser aplicar as regras que existem para depois se saber o que é necessário fazer.

“Acho que há uma tendência deste governo para apresentar muitos planos. Tem que mostrar a iniciativa política e apresenta muitos planos, mas depois, quando olhamos para os planos, como o da saúde, são francamente insuficientes. Neste caso da das migrações, já não basta apresentar planos. O que é preciso é pôr a AIMA a funcionar”, defende.

Os poucos ucranianos que participaram no piquenique da Iniciativa Liberal reconhecem que o partido que tem Cotrim de Figueiredo como cabeça de lista é dos que mais defende a ajuda à Ucrânia. No entanto, reconhecem o esforço de outros partidos e dos governos que estiveram nos últimos dois anos e atualmente no ativo.

Quase no final da lista de candidatos da Iniciativa Liberal, na 19ª posição, está Anastasiya Lykolat, que veio para Portugal na década de 2000. Tem nacionalidade portuguesa desde 2016. Aos jornalistas, diz que o que defende é obviamente “paz o mais rápido possível para a Ucrânia, que só será conseguida com a ajuda na defesa e no combate ao terrorismo russo, à propaganda e discurso de ódio que se está a alastrar”.

Sobre os debates que assiste no parlamento nacional, Anastasiya Lykolat diz estar “triste” por não compreender como é que, num momento com tanta informação sobre o conflito, há quem acredite que existe uma provocação da Ucrânia.

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