“O protesto foi integrado no nosso ADN”: o que antecedeu a escalada de tensões de 2019

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Quem participou no movimento de 2014 esperava que a ocupação do bairro financeiro da cidade colocasse pressão sob o Governo para reformar o sistema político, o que não se verificou. No entanto, as memórias dos pró-democratas que falaram ao Expresso remetem para transformações na relação entre a população e a força policial e na confiança de que o Executivo ouvisse os cidadãos.

Sem acesso a mecanismos como o sufrágio universal, o espírito reivindicativo da sociedade cívica de Hong Kong expressou-se ao longo de anos através de manifestações. “O protesto foi integrado, de certa forma, no nosso ADN, não apenas pelo Governo colonial mas também pelo Governo chinês e pelo Governo de Hong Kong, porque não deram às pessoas o espaço para exercerem os seus direitos políticos”, declarou o ativista Samuel Chu. Chegada a batalha política de 2019, os manifestantes muniram-se de máscaras para se protegerem do gás lacrimogéneo lançado pela polícia.

REUTERS/Athit Perawongmetha

Enquanto a deputada pró-Pequim Eunice Yung reconhece que houve protestos pacíficos, mas coloca o foco nos incidentes que assumiram um rumo mais violento, organizações internacionais de direitos humanos denunciaram o uso de força excessiva pela polícia. Questionado sobre iniciativas como a vigília em memória do massacre de Tiananmen, o deputado Adrian Ho (do mesmo partido de Yung) deu a entender que não deveriam ter sido permitidos. “O facto de isso alguma vez ter acontecido, na minha opinião, foi um erro no passado. A nossa lei da segurança nacional veio, na minha opinião, tarde demais”, disse Ho, que defende que a democracia é um processo que exige “um passo de cada vez”.

Algumas definições desta lei de segurança nacional, que entrou em vigor em 2020 sem que os detalhes fossem previamente conhecidos, foram consideradas “vagas e demasiado abrangentes” pela ONU, podendo prejudicar a proteção dos direitos humanos.

Tiago Pereira Santos com fotografia de Stanislav Kogiku

Liberdade em Hong Kong é um podcast de Salomé Fernandes, com sonoplastia e música original de João Luís Amorim. A capa é de Tiago Pereira Santos com fotografia de Stanislav Kogiku.

Dobragens de Claudia Monarca, Diogo Cavaleiro, João Carlos Santos, João Diogo Correia, João Miguel Salvador, Joana Pereira Bastos, Marta Gonçalves, Martim Silva, Pedro Candeias, Pedro Miguel Coelho e Teresa Amaro Ribeiro. Título e créditos pela voz de José Valdeira. Apoio à edição áudio de Salomé Rita e apoio à produção de Marta Gonçalves. A coordenação editorial esteve a cargo de Pedro Cordeiro e Joana Beleza. Direção de João Vieira Pereira.

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