O que sabemos sobre o ISIS-K, o grupo que reivindicou o atentado de Moscovo?

5 meses atrás 89

Maxim Shemetov - Reuters

O grupo do Estado Islâmico de Khorashan, também conhecido como Daesh-K ou ISIS-K, que reivindicou a autoria do ataque da passada sexta-feira a uma sala de concertos em Moscovo, através da divulgação de um comunicado e de imagens dos atacantes armados a cometer aquele que foi o pior ataque terrorista na Rússia nas últimas décadas, é conhecido pela brutalidade dos seus ataques.

Os serviços de informação dos Estados Unidos confirmaram a reivindicação do grupo ISIS-K pela autoria do ataque terrorista à sala de espetáculos Crocus City Hall, nos arredores da capital russa, na sexta-feira à noite, depois de terem avisado Moscovo sobre a possibilidade de "extremistas" lançarem “um ataque iminente” na Rússia. “O que sabemos é que o ISIS-K é, de facto, responsável pelo que aconteceu”, afirmou a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, numa entrevista no domingo.

As forças de segurança russas detiveram e acusaram os quatro presumíveis atacantes da antiga república soviética do Tajiquistão de estarem na origem do ataque, que causou a morte de pelo menos 137 pessoas e deixou outras 182 feridas, de acordo com o último balanço oficial. Os suspeitos, acusados de terem cometido um ato terrorista e de poderem ser condenados a prisão perpétua, foram colocados em prisão preventiva até ao dia 22 de maio, depois de terem comparecido no Tribunal distrital de Basmanny, em Moscovo, no domingo.

O que é o ISIS-K?

O Khorasan, que dá nome ao “ISIS-K”, é o antigo nome dado a uma região que englobava partes do atual Afeganistão, Irão, Paquistão e Turquemenistão. 

O ramo afegão do autoproclamado Estado Islâmico, surgiu no leste do Afeganistão, nos finais de 2014 e rapidamente se tornou um dos grupos terroristas mais brutais e temidos da Ásia Central, responsável por vários ataques dentro e fora do Afeganistão.

Apesar do número de membros do ISIS-K ter entrado em declínio em 2018, após sofrer várias baixas provocadas pelos talibãs e pelas forças norte-americanas, o grupo continua a ser uma das filiais mais ativas do ISIS e é vista "como a maior ameaça no Afeganistão, com capacidade para projetar uma ameaça na região e para além dela”, de acordo com um relatório dos serviços secretos ocidentais, apresentado ao Conselho de Segurança das Naçoes Unidas em janeiro, escreve o The Guardian.

Segundo o qual o Estado Islâmico lançou uma grande campanha de recrutamento no ano passado, para recrutar membros experientes de grupos existentes com um longo historial de ataques terroristas.

Porque é que atacaram a Rússia?

Apesar do ataque a Moscovo ter acontecido na passada sexta-feira, vários especialistas consideram que o grupo terrorista tem uma animosidade de longa data contra a Rússia e o seu presidente.

"A Rússia tem estado no topo ou perto do topo da lista do ISIS há muitos anos", disse Daniel Byman, diretor do programa de estudos de segurança da Universidade de Georgetown, à CNN

E apontou o papel crucial de Moscovo na guerra civil na Síria, quando interveio em apoio do Governo sírio e contra o ISIS, e a demasiada proximidade dos talibãs, como motivações.

Colin Clarke do Centro Soufran, um grupo de investigação com sede em Nova Iorque, confirmou que "o ISIS-K tem estado fixado na Rússia nos últimos dois anos, criticando frequentemente Putin na sua propaganda", escreve a agência Reuters. "O ISIS-K acusa o Kremlin de ter sangue muçulmano nas mãos, referindo-se às intervenções de Moscovo no Afeganistão, na Chechénia e na Síria”, acrescenta.

Michael Kugelman, do Wilson Center, explicou que o ISIS-K "vê a Rússia como cúmplice em atividades que oprimem regularmente os muçulmanos" e acrescentou também que o grupo conta com militantes da Ásia Central que têm as suas próprias queixas contra Moscovo.

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