O que toca no ‘Couraíso’? Um guia dos artistas que enchem o cartaz deste Paredes de Coura

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A “Pré-Festa”

Como vem sendo tradição, a vila de Paredes de Coura começa a ser invadida por música mesmo antes do arranque oficial do festival. O “Sobe à Vila” acontece de 11 a 13 de agosto, arrancando já no próximo domingo.

No primeiro dia, os concertos acontecem na Caixa de Música. A noite começa com a jovem banda de rock We Know a Place. Segue-se o duo de pop eletrónica Girls 96. A noite termina com Nocivo e Ugho.

Na segunda-feira, os concertos saltam para o Palco Super Bock. Há para ouvir o quarteto de rock portuense Marquise e a sonoridade afro-punk-eletrónica de Scúru Fitchádu, com Boca de Sino Club a fechar a noite.

O último dia do aquecimento para o Paredes de Coura é também no Palco Super Bock. Toca o trio de garage-punk-noise-rock 800 Gondomar. A seguir, uma união entre Odivelas e Chelas, com o hip-hop de Classe Crua, que junta Beware Jack ao veterano Sam The Kid. O último a subir ao palco é Peter Castro.

O rap (ou será a flauta?) no domínio - 14 de agosto, quarta-feira

O grande destaque do primeiro dia oficial do Paredes de Coura é André 3000. O rapper norte-americano, que todos conhecem por ser meia-parte dos lendários Outkast, aparece neste festival num outro registo. Vem apresentar o álbum New Blue Sun, lançado no último ano, que mostra o seu trabalho como flautista (e onde são muuuito raros os temas com menos de 10 minutos de duração). O título da primeira faixa do disco "I Swear, I Really Wanted to Make a 'Rap' Album But This Is Literally the Way the Wind Blew Me This Time” (“Eu Juro, Eu Queria Mesmo Fazer um Álbum de Rap Mas Isto Foi Literalmente A Direção Para Onde o Vento Me Empurrou Desta Vez”) é bastante autoexplicativa.

André 3000 não é o único rapper a pisar o palco Vodafone na primeira noite. Depois dele, e a encerrar o dia, vem o também veterano Killer Mike (que, curiosidade das curiosidades, fez a sua estreia em estúdio num álbum dos Outkast, em 2000). Dedicado a causas sociais, seja na música ou fora dela, tem procurado trazer à conversa questões como a desigualdade, o racismo sistémico e a violência policial. O último álbum, Songs for Sinners & Saints, é acabadinho de sair, do início deste mês.

E o terceiro grande destaque do primeiro dia oficial vai para o britânico Sampha. O músico, que é também compositor e produtor, une o soul e o R&B à eletrónica, dando ainda uma “achega” ao pop. No currículo conta com o prestigiado Mercury Prize e com colaborações com nomes de projeção mundial como Kendrick Lamar, Drake e Kanye West.

Pelo Palco Vodafone passam ainda, neste dia, os Bar Italia, trio indie britânico (não, não são italianos). Já pelo Palco Yorn vão estar os norte-americanos Model/Actriz, para apresentar o pós-punk, com temáticas queer, que os caracteriza; e os australianos Glass Beams, para trazer música psicadélica contemporânea com influências orientais.

Ainda no Palco Yorn, vai haver espaço para George Clanton, Sextile, First Breath After Coma e Noiserv, que convidam a Banda de Música de Mateus, Dorian Concept, Sababa 5 e Wolf Manhattan.

Quanto ao Palco Jazz na Relva by Bacanaplay, há Bonifácio e Vivax.

Girl Power e língua portuguesa – 15 de agosto, quinta-feira

O pop eletrónico de L'Impératrice é o ponto alto do cartaz no segundo dia oficial do Paredes de Coura. A banda francesa, nascida em 2012, é conhecida por conseguir criar uma atmosfera simultaneamente nostálgica e moderna, recorrendo a sonoridades disco e funk. O mais recente álbum, Pulsar, saiu em junho e promete trazer novos territórios musicais ao Palco Vodafone.

É rock e é no feminino. Nascida na década de 1990, a banda norte-americana Sleater-Kinney veio carregada de uma mensagem feminista e intrinsecamente política. O grupo pode ter passado por mudanças na formação, mas não muda a aura intensa que o define. Corin Tucker e Carrie Brownstein voltaram, no início deste ano, com um novo álbum, Little Rope, influenciado por temáticas como o luto.

Depois do último ano, Slow J é o homem que dispensa apresentações, na cena musical nacional. O setubalense João Batista Coelho levou o país por arrasto com o seu Afro Fado. Pisa o palco principal do Vodafone Paredes de Coura, prometendo continuar a arrastar gerações de público, numa fusão própria de rap com sons mais tradicionais e letras de cariz identitário e emocional.

O Brasil também vai estar presente no palco principal, no segundo dia do festival, com o samba moderno dos Gilsons. Por sua vez, no Palco Yorn, vai estar o rock alternativo dos norte-americanos Wednesday e o pós-punk dos seus compatriotas Protomartyr.

Ainda no Palco Yorn vão aparecer Los Bitchos, Joy (Anonymoys), Sprints, Deeper, Quadra e Moonshiners.

No Palco Jazz na Relva by Bacanaplay, haverá Silentide e Acid Acid.

Sangue novo e sangue veterano - 16 de agosto, sexta-feira

A norueguesa Marie Ulven Ringheim, conhecida como Girl in Red, é um nome de destaque na cena atual do indie pop. O álbum de estreia da cantora e compositora foi um sucesso junto da crítica e do público. Com letras centradas em temas como a identidade sexual e a saúde mental, já foi chamada de um ícone queer. Depois de ter aberto para Taylor Swift na The Eras Tour, a artista regressou, este ano, com o álbum I'm Doing It Again Baby!.

Os britânicos Idles são conhecidos pela energia explosiva e as letras com consciência social. Recusam o rótulo de banda pós-punk, mas são uma força que marca pela diferença no som desta cena musical. No terceiro dia do Paredes de Coura, trazem também eles um álbum lançado este ano, Tangk, um disco que se resume ao “amor”, garantem.

A emoção na voz, as letras pessoais, a energia própria de Cat Power. Do folk ao soul, passando pelos blues ou mais pelo punk, desde que se estreou, na década de 1990, a norte-americana obteve um alcance mundial. E, neste terceiro dia de festival, é do mundo para Paredes de Coura que se faz ouvir.

O estilo bossa-nova com que o projeto francês Nouvelle Vague reinterpreta grandes clássicos musicais vai ser mais um dos destaques do palco Vodafone. Já o Palco Yorn conta com o rock dos norte-americanos Beach Fossils e Allah-las.

Pelo Palco Yorn passam ainda, neste dia, Mdou Moctar, Nourished by Time, Branko, Benjamim, Tramhaus e Conferência Inferno.

Ao Palco Jazz na Relva by Bacanplay sobem Lika e Bardino.

A invasão britânica (e irlandesa) - 17 de agosto, sábado

A banda irlandesa que inspira e expira poesia. Reconhecidos pela energia crua, os Fontaines D.C. misturam influências de punk rock e rock alternativo. Reconhecidos pelo público e pela crítica, chegam a Coura com um álbum, Romance, prestes a estrear (sai a 23 de agosto).

Tidos como inovadores e revolucionários, The Jesus and Mary Chain entraram na cena musical na década de 1980. Os arrufos entre os irmãos Jim e Williams Reid, que resultaram numa longa separação do grupo, não foram suficientes para os manter afastados para sempre – nem para apagar o impacto da banda, que continua a ser sentido nos dias de hoje. É com um novo álbum - Glasgow Eyes, lançado em março deste ano – que sobem ao palco neste último dia do Paredes de Coura.

Os britânicos Slowdive emergiram na cena musical nos anos 1990. Tornaram-se reconhecidos pelo lado etéreo e a suavidade aplicada ao rock. Pelo meio do caminho, passaram a uma onda mais folk, sob o nome Mojave 3. Há dez anos, voltaram como Slowdive para ficar – e é assim que chegam ao Palco Vodafone, no último dia do festival.

Reservado para o Palco Vodafone, neste dia, está também o britânico Baxter Dury e a justiça social de Hurray for the Riff Raff. Já o Palco Yorn conta com o rock alternativo dos norte-americanos Superchunk.

Ainda no Palco Yorn, no último dia de festival, vão estar Destroy Boys, Still Corners, Palehound, Moullinex com Gpu Panic, Hotline TNT e Valter Lobo.

Já no Palco Jazz na Relva by Bacanaplay tocam Mazela e Yakuza.

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