Observatório astronómico bate recorde de altitude e abre portas após 26 anos

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Localizado no topo da montanha Cerro Chajnantor, o Observatório Atacama da Universidade de Tóquio (TAO, na sigla em inglês) bate recordes de altitude. Ao todo, este observatório, que acolhe um telescópio infravermelho de 6,5 metros, está a uma altitude de 5.640 metros: um feito já reconhecido pelo Guinness World Records.

O TAO junta-se agora a outros projetos de observação astronómica no deserto do Atacama. Entre eles contam-se, por exemplo, o Atacama Large Millimeter Array (ALMA), assim como o Very Large Telescope (VTL) e o Extremely Large Telescope (ETL), ambos do  Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). 

O projeto foi lançado em 1998, sendo liderado por Yuzuru Yoshii, investigador e, atualmente, professor emérito na Universidade de Tóquio. Os primeiros passos na construção do TAO só seriam dados em 2012, com a produção do telescópio principal. Ainda antes, em 2009, o projeto-piloto miniTAO já preparava o caminho para esse desenvolvimento. 

A construção das instalações no topo da montanha começou em 2020, num processo marcado por várias dificuldades. Além dos protestos no Chile no ano anterior, a pandemia de COVID-19 também teve impacto no processo. 

“A construção no topo da montanha Cerro Chajnantor foi incrivelmente desafiante, não só a nível técnico como político”, afirma Yuzuru Yoshii, citado pela Universidade de Tóquio. O investigador explica que foi necessário assegurar os direitos dos povos indígenas, conseguir autorização do governo chileno, garantir colaborações técnicas com universidades locais e zelar pela segurança dos trabalhadores a operar numa altitude tão elevada.

Desvendar os grandes mistérios do Universo, como o ‘nascimento’ de galáxias ou a formação de planetas, é um dos principais objetivos do projeto. “Para isso é necessário observar o céu de uma forma que apenas o TAO torna possível”, realça o investigador. 

A par de toda a tecnologia ótica, sensores e mecanismos integrados no telescópio do TAO, Yuzuru Yoshii afirma que a altitude é, em si, um factor diferenciador. “A esta altitude há pouca humidade atmosférica que consiga impactar a visão infravermelha”, indica. 

Além disso, o telescópio TAO é capaz de captar luz que não consegue ser observada por outros observatórios. Deste modo, as observações realizadas ajudarão a complementar os dados recolhidos por outros telescópios Para já, o TAO vai colaborar com o telescópio Subaru, que faz parte do Observatório de Mauna Kea no Havai. 

Se tudo correr como planeado, as observações científicas vão começar em 2025. Numa primeira fase, as equipas a trabalhar nas instalações a uma maior altitude terão de o fazer com recurso a tanques de oxigénio. As observações seguintes serão feitas a partir das instalações em San Pedro de Atacama, ou então, em modo remoto, no Instituto de Astronomia da Universidade de Tóquio. 

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