Observatório traça cenário de falta de camas e profissionais nos cuidados paliativos

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15 jul, 2024 - 22:36 • Anabela Góis

"Nós precisaríamos na ordem das 900 camas por ano. No total, teremos cerca de metade, portanto, andaremos à volta das 400 camas em falta nas várias tipologias, de agudos e de não agudos", alerta Manuel Luís Capelas.

Faltam camas em cuidados paliativos em Portugal e os serviços que existem oferecem principalmente cuidados generalistas, longe da desejada diferenciação especializada. O diagnóstico é feito pelo Observatório Português dos Cuidados Paliativos.

Também são apontadas falhas significativas ao nível de recursos humanos: em 2022 estavam em falta 39 médicos, 246 enfermeiros, 19 psicólogos e 18 assistentes sociais.

De acordo com o relatório de Outono 2023, divulgado esta segunda-feira, cerca de 85% dos médicos nestas unidades são de medicina geral e familiar e de medicina interna.

Manuel Luís Capelas, coordenador do Observatório, sublinha que, para além “das insuficiências em termos de recursos humanos os dados revelam também a falta de capacitação dos profissionais para o exercício profissional nesta área específica de cuidados paliativos: só cerca de 1/3 têm competência em medicina paliativa”.

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Este relatório mostra, também, que a oferta de cuidados paliativos a nível nacional está longe de ser homogénea. Manuel Luís Capelas dá como exemplo os distritos de Leiria e Castelo Branco, que “continuam a não ter nenhuma equipa comunitária, e continuamos a não ter equipas de internamento especializadas nos hospitais universitários”.

No distrito de Lisboa, exemplifica o coordenador do Observatório, “não temos nenhuma unidade de cuidados paliativos num hospital do SNS, o que contraria todas as recomendações”,

A rede nacional de cuidados paliativos, explica Manuel Luís Capelas, continua longe de atingir o objetivo de servir toda a população.

“Nós precisaríamos na ordem das 900 camas por ano. No total, teremos cerca de metade, portanto, andaremos à volta das 400 camas em falta nas várias tipologias, de agudos e de não agudos.”

No relatório agora divulgado, o Observatório dos Cuidados Paliativos defende uma maior alocação de recursos e especialização dos profissionais para garantir a qualidade e acessibilidade destes cuidados a toda a população.

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