OCDE revê crescimento económico português em alta para 1,6%

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A OCDE adverte para o risco de os conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia prejudicarem os mercados energético e financeiro Reuters (arquivo)

A inflação está a descer mais depressa do que se previa, os mercados de trabalho estão mais fortes e o desemprego está em mínimos históricos. Contudo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico avisa que os impactos de medidas mais apertadas sentem-se, principalmente, nos setores da habitação e do crédito. A OCDE faz, esta quinta-feira, uma revisão em alta do crescimento da economia portuguesa: o PIB deverá crescer este ano 1,6 por cento, acima dos 1,2 que constavam da última projeção da organização.

“O otimismo cauteloso começou a tomar conta da economia global, apesar do crescimento modesto e da sombra persistente dos riscos geopolíticos. A inflação está a diminuir mais rapidamente do que o esperado, os mercados de trabalho continuam fortes, com o desemprego a atingir níveis mínimos históricos ou perto deles”, começa por referir o relatório Economic Outlook.

No entanto, “os impactos de condições monetárias mais restritivas estão a fazer-se sentir, especialmente nos mercados da habitação e do crédito”.

A recuperação económica “está a desenrolar-se de forma diferente entre regiões”, prevendo-se que o cenário macroeconómico misto persista, com a inflação e as taxas de juro a diminuir a ritmos diferentes e com diferentes necessidades de consolidação orçamental.No relatório divulgado esta quinta-feira, a OCDE adverte para o risco de os conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia prejudicarem os mercados energético e financeiro, travar o crescimento e voltar a aumentar a inflação.

Segundo a OCDE, para este ano o PIB, a nível global, deverá subir para 3,1 por cento - um cenário entre o otimismo e a cautela, em relação à economia dos vários países. Já para a economia portuguesa, a organização faz uma revisão em alta: o PIB deverá aumentar 1,6 por cento, acima dos 1,2 que constavam da última projeção da organização.

“Prevê-se que o crescimento real do PIB diminua para 1,6 por cento em 2024 e recupere para 2,0 por cento em 2025”
, é divulgado. “Um mercado de trabalho restritivo e a queda da inflação estão a apoiar o crescimento dos salários reais e o consumo privado, e a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) irá impulsionar investimento”.
Crescimento resiliente
A política orçamental portuguesa “deverá ser facilitada em 2024”, prevendo-se que o saldo orçamental diminua de 1,2 por cento do PIB, em 2023, para 0,3 por cento, em 2024. A previsão aponta ainda que para 2025, o PIB português suba para o 2 por cento. Com uma política fiscal mais suave, preços de energia estáveis e a queda da inflação, pode aumentar o poder de compra e contribuir para a redução da dívida pública.

“Com preços estáveis da energia e a desaceleração da procura de trabalho, a inflação continuará a moderar-se para 2,4 por cento em 2024 e 2,0 por cento em 2025”.

Para a economia portuguesa, a OCDE avança que a “implementação do PRR, a redução do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e o aumento dos benefícios sociais vão apoiar a atividade e compensar a eliminação progressiva das medidas de apoio para atenuar o choque inflacionista em 2024”.

De acordo com o relatório, os efeitos da inflação elevada, das medidas financeiras mais restritivas e do “fraco crescimento nos principais parceiros comerciais de Portugal abrandaram a atividade económica em 2023”. Apesar disso, o PIB recuperou nos últimos trimestres e o emprego no país “continua num nível historicamente elevado”, apoiado pelo “crescimento no setor do turismo e o aumento das despesas do PRR”.

“A inflação dos preços no consumidor diminuiu para 2,6 por cento no ano até março, e o crescimento dos salários reais e a confiança das famílias recuperaram de forma constante”.

Apesar de os preços da energia e dos produtos alimentares continuarem elevados, os preços da energia diminuíram e a “inflação dos preços dos produtos alimentares abrandou para 0,3 por cento”.

“Contudo, o anterior aumento das taxas de juro aumentou drasticamente os pagamentos de hipotecas e os custos das empresas, e uma contração nos empréstimos às famílias e às empresas está a pesar sobre o consumo e o investimento”, refere a OCDE.

A organização deixa ainda um alerta a Portugal: apesar de se registar um declínio constante, “a dívida pública em relação ao PIB permanece elevada
”. Por isso, é necessário “um forte crescimento, despesas mais eficientes e um quadro fiscal reforçado para enfrentar as crescentes pressões fiscais decorrentes do envelhecimento da população e as necessidades de investimento a longo prazo”.

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