Ocidente deve pressionar Israel a reconhecer Palestina para apoiar Ucrânia

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Numa palestra hoje em Londres sobre a conjuntura nas relações internacionais em 2024, a diretora do centro de estudos britânico Chatham House reconheceu que é antiga a "acusação de dois pesos e duas medidas contra o Ocidente, particularmente contra os EUA".

"Trata-se de uma velha acusação que teve muita força ao longo dos anos, mas que se tornou muito acesa nas discussões sobre a Ucrânia e depois sobre as ações de Israel em Gaza após os ataques do Hamas em 07 de outubro", explicou.

Segundo a analista, "é inegável que existe alguma incoerência", ainda que os governos ocidentais possam invocar a necessidade de moldar a política externa de acordo com interesses nacionais.

"Pessoalmente, penso que a acusação de duplicidade de critérios relativamente a Gaza tem fundamento em dois aspetos. O primeiro é que os países ocidentais, sobretudo os EUA, permitiram que o conflito israelo-palestiniano se agravasse e que Israel abusasse do seu poder ao expandir os seus colonatos na Cisjordânia para terras destinadas a um futuro Estado palestiniano", explicou Maddox.

O segundo é que a maioria dos países ocidentais não negou no início a Israel o direito de responder aos ataques do Hamas, posição que tem vindo a mudar à medida que os bombardeamentos em Gaza e as restrições à ajuda humanitária continuaram.

"É perfeitamente possível condenar o Hamas e agora criticar Israel pela sua reação e pelas baixas que causou. Até os Estados Unidos e o Reino Unido, alguns dos mais calorosos apoiantes de Israel, começaram a dizê-lo. Antigos aliados, como a Turquia e a Jordânia, distanciaram-se" referiu.

Bronwen Maddox sugeriu que EUA e Europa devem deixar claro a Israel que, "embora o seu desejo de erradicar o Hamas seja justificável, está a seguir uma via militar que dificilmente atingirá esse objetivo e o nível de baixas civis é intolerável".

"Além disso, caiu na armadilha que o Hamas criou de reagir de uma forma que perde o apoio do mundo. Os EUA e a Europa deveriam juntar-se aos vizinhos árabes de Israel e pressioná-lo a reconhecer agora os direitos e o Estado palestiniano", continuou.

Desta forma, os EUA e a Europa poderão exercer pressão para um reconhecimento mais alargado dos danos causados à segurança e ao direito internacional pela guerra da Rússia na Ucrânia.

"Isto significa que devem continuar a apoiar a Ucrânia, mas podem legitimamente pressionar outros, como a Turquia, a reconhecerem a ameaça ao princípio da soberania, bem como à segurança europeia", enfatizou a diretora da Chatham House.

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