Oito lesões em dois anos de Sporting: o lastimável histórico de St. Juste

Volvidos dois anos e dois meses desde que assinou pelo Sporting, à entrada para a terceira temporada de leão ao peito, Jeremiah St. Juste integrou pela primeira vez os trabalhos de pré-época. O duelo frente ao Sevilla, esta terça-feira, foi uma estreia em particulares com público, mas acabou num déjà vu: o central neerlandês a abandonar o relvado, lesionado.

Até estava a fazer uma boa exibição. Pelo lado direito da defesa, integrou uma faixa que primou pelo dinamismo, envolvendo-se com Geny Catamo e Trincão no ataque, mas os sprints que o caracterizam voltaram a ferir mais do que o adversário, como uma faca de dois gumes. Aos 54 minutos - já depois de ter recebido assistência na primeira parte - o defesa agarrou-se à coxa direita e coxeou para a substituição.

Confirmando-se o cenário mais provável para St. Juste, estaremos perante a sua oitava paragem por lesão desde que chegou ao futebol português...

Ombros, uma questão resolvida na Alemanha

A fama de ser um crónico lesionado já acompanhava este jogador quando foi anunciado como reforço do Sporting, em maio de 2022. Foi na altura o defesa mais caro da história do clube (entretanto superado por Zeno Debast) e trouxe uma reputação que não é propriamente ideal, mas a verdade é que nem assim podemos acusar os leões de falta de prudência neste negócio.

Ora, a propensão de St. Juste a lesões vinha de um problema crónico nos ombros. Aliás, dos 26 jogos que perdeu por lesão nos dois anos em que representou o Mainz, 22 foram por esse motivo! A tranquilidade leonina estava relacionada com o facto do defesa central ter decidido ser operado ao ombro esquerdo após gostar do resultado da mesma cirurgia no lado direito. Nesse caso uma opção, mais que uma obrigação.

Uma vez que o problema que ia impedindo a carreira do neerlandês de atingir voos mais altos estava aparentemente resolvido, os leões sentiram que tinham um nas mãos um reforço de peso. O que não esperavam, naturalmente, era que surgisse um constante acumular de outro tipo de lesões não relacionadas com os ombros.

Em Alvalade tudo complicou

Começou por falhar a primeira pré-temporada devido a uma entorse no tornozelo direito. Regressou no arranque oficial de 2022/23 e até marcou no primeiro jogo que fez como titular, mas cinco dias depois, na segunda titularidade (0-3 sobre o Eintracht Frankfurt) sofreu uma mialgia de sobrecarga. 

Perdeu três jogos, regressou e jogou três, voltou a lesionar-se (no 1-2 com o Santa Clara) e perdeu mais três partidas. Depois disso esteve disponível durante quase um mês, até sofrer uma pancada contusão óssea no joelho esquerdo que o tirou de competição durante um mês e meio.

Regressou em janeiro e jogou três meses, aproveitando até a antevisão a um jogo com o Arsenal para referir a importância das paragens e de uma equipa técnica que o «ensinou a ser paciente». Mas na ronda seguinte da Liga Europa, em Turim (1-0 frente à Juventus), saiu do relvado em lágrimas e agarrado à coxa esquerda - uma lesão muscular que lhe tirou seis meses.

Foi já em 2023/24, em outubro, que voltou à competição. Conseguiu ajudar a equipa durante um mês e meio, mas não chegou ao Natal sem sofrer nova lesão. Uma entorse no tornozelo esquerdo. Regressou aos treinos em meados de janeiro e integrou até uma convocatória, mas não saiu do banco e magoou-se novamente antes que pudesse sequer jogar: perdeu um mês devido a uma lesão num pé. Essa tinha sido a última, antes deste novo problema na coxa direita.

Se o leitor não consegue encontrar um padrão no tipo e zona das lesões, é porque não existe. Os problemas no ombro ficaram para trás, mas no seu lugar surgiu todo um catálogo de problemas clínicos. É esse o único padrão: Jeremiah St. Juste lesiona-se... muito!