Oleksandr Syrsky, o general que repeliu os russos dos arredores de Kyiv

7 meses atrás 86

O Presidente Volodymyr Zelensky confiou-lhe agora a defesa de todo o país face às forças russas, oferecendo-lhe o lugar até agora ocupado pelo popular general Valery Zaluzhny.

O chefe de Estado elogiou o seu novo homem de confiança, definiu-o como o "general mais experiente da Ucrânia", mas também pediu um plano "realista" para 2024.

O general Syrsky, apesar de menos conhecido que o seu antecessor, tem registado um desempenho decisivo nas Forças Armadas do país.

No início de abril de 2022, alguns dias após a retirada dos russos da região de Kiev que confirmava o sucesso da defesa da capital ucraniana, Zelensky condecorava o seu general com a insígnia de "herói da Ucrânia", a mais alta distinção nacional.

No seu decreto, o chefe de Estado saudou a sua "coragem pessoal".

Seis meses mais tarde, no outono de 2022, foi ainda Syrsky quem esteve nos comandos quando o Exército ucraniano infligiu uma segunda humilhação a Moscovo ao repelir o invasor da região de Kharkiv, nordeste da Ucrânia.

No entanto, o general não se tornou num ícone nacional.

Uma sondagem de dezembro de 2023 indicou que 48% dos inquiridos diziam mesmo não conhecer Syrsky, que raramente tem surgido nos palcos mediáticos, ao contrário de Zelensky e mesmo de Zaluzhny, sempre mais discreto.

Pouco carismático, o general de 58 anos, que dirige o Exército de terra e as tropas no leste do país, tem sobretudo privilegiado a emissão de secas comunicações oficiais. Mas, asseguram os seus serviços, não é um homem de gabinete.

"É um dos raros comandantes mais graduados a deslocar-se com regularidade à linha da frente", indicou à agência noticiosa AFP o porta-voz da frente leste, Illia Ievlach.

O Exército difunde regularmente imagens onde surge equipado e armado, apertando a mão ou confraternizando com os soldados.

Alguns dos críticos apontam-lhe demasiadas similitudes com os generais da ex-URSS, e de ser distante. Muito discreto com a sua vida pessoal, é casado e tem dois filhos, segundo revelou à AFP um porta-voz militar.

"Syrsky é mal interpretado (...) é um homem da escola soviética", comentou esta semana à AFP um sargento ucraniano que defendeu Kiev antes de ser deslocado para a frente leste.

O influente portal digital de informação Ukrainska Pravda acusa-o de não ser sensível às perdas.

"A sua reputação forjou-se como um homem que concede mais importância ao cumprimento das tarefas face ao número de vidas que sacrifica para esse fim", escreveu o portal esta semana.

À semelhança da maioria dos militares mais graduados da sua geração, Oleksandr Syrsky, que nasceu em 1965 na região de Vladimir (antiga URSS e hoje território da Rússia), fez os seus estudos na escola de comando do Exército Vermelho em Moscovo.

Na década de 1980 foi colocado na Ucrânia, na época ainda uma república da URSS.

Após a desintegração da União Soviética, opta por não regressar à Rússia, junta-se às fileiras do novo Exército de uma Ucrânia recém-independente e prossegue os seus estudos na Universidade da Defesa Nacional em Kiev.

Nos anos 2000 comanda a 72ª brigada mecanizada do Exército ucraniano com base em Bila Tserkva, uma centena de quilómetros a sul de Kiev.

Foi promovido a general em 2009 e em 2013 participa no desenvolvimento da cooperação com a NATO.

Em 2014, logo após a "revolução de Maidan", a Rússia anexa a península da Crimeia e inicia-se a guerra civil no leste do país após a sublevação dos separatistas russófonos locais. Syrsky torna-se então num dos chefes das operações para impedir Moscovo de assumir o controlo total do Donbass.

Nestas novas funções, coordenou designadamente a difícil retirada da cidade de Debaltseve, um importante nó ferroviário, no início de 2015, onde os ucranianos enfrentavam forças mais numerosas.

Dois anos mais tarde, nova promoção: Syrsky torna-se comandante de todas as operações no leste, onde a linha da frente se estabilizou. A guerra evolui para um conflito de baixa intensidade, e permanecerá nessa região até à invasão em larga escala ordenada pelo Presidente russo Vladimir Putin em 24 de fevereiro de 2022.

Leia Também: Ucrânia. Zaluzhny substituído por Syrsky no comando das Forças Armadas

Ler artigo completo