OMS. Hospital de Nasser inoperacional devido a ofensiva de Israel em Gaza

7 meses atrás 67

"O hospital de Nasser em #Gaza já não está operacional, depois de uma semana de cerco seguido do ataque em curso", escreveu este domingo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na rede X.

Milhares de pessoas que procuraram refúgio no complexo hospitalar em fuga dos combates, fugiram entretanto para Rafah, junto ao Egito, onde se aglomeram já milhão e meio de civis palestinianos.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que, apesar da pressão internacional, o avanço das Forças de Defesa israelitas vai agora prosseguir sobre aquela cidade.

O Cairo tem-se recusado a receber deslocados de Gaza, estando a erguer um muro ao longo da linha fronteiriça para impedir a fuga de palestinanos para o Sinai.

Juntou em vez disso a sua voz ao coro internacional que exige cada vez mais alto a criação de um Estado da Palestina, como solução para o conflito no Médio Oriente. 

O governo israelita declarou por unanimidade, este domingo, a sua oposição a quaisquer "imposições internacionais quanto a um acordo permanente com os palestinianos". "Um tal acordo, a ser alcançado, só surgirá pela via de negociações diretas entre as partes, sem precondições", frisou em comunicado.

Também o primeiro-ministro palestiniano, da Cisjordânia, defendeu este domingo ser necessária a intervenção da União Europeia, da ONU, dos EUA e dos países árabes para criar um Estado palestiniano, porque a Autoridade Palestiniana "não tem um parceiro em Israel" com quem dialogar.

O grupo islamita palestiniano Hamas, que governa sozinho a Faixa de Gaza há 20 anos, jurou por seu lado destruir Israel, o que impede qualquer solução de aceitação mútua.

Ao avançar militarmente sobre Gaza, em retaliação pelo ataque do Hamas ao sul de Israel, a 7 de outubro de 2023, que fez 1200 mortos, o governo israelita prometeu incapacitar de vez todas as infraestruturas militares do grupo. Nos últimos três meses referiu ter entrado em diversas bases operacionais militares do Hamas escondidas sob zonas de cuidados médicos, como hospitais, ou de ensino, como escolas.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reiterou esta semana a sua rejeição à criação de um Estado palestiniano, salientando que, se isso acontecesse após o atentado de outubro, seria a "maior recompensa para o terror, que não tem precedentes e impedirá qualquer futuro acordo de paz"

Nasser "inoperacional" diz OMS

A operação sobre o hospital de Nasser increveu-se na ofensiva das IDF em Khan Younis, as quais entraram quinta-feira no complexo hospitalar em busca de reféns, vivos ou mortos, raptados pelo Hamas e que, de acordo com os serviços de informação, poderiam ser ali mantidos.

O hospital, um dos últimos ainda a funcionar em Gaza, terá ficado inoperacional, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.


Ghebreyesus referiu que as equipas da organização não foram autorizadas a entrar, "ontem nem anteontem", no complexo hospitalar para aferir a sua operacionalidade e "providenciar necessidades médicas urgentes", incluindo combustível.

"Estão ainda cerca de 200 doentes no hospital. Pelo menos 20 necessitam ser referenciados com urgência para outros hospitais para receber cuidados médicos. A transferência médica é um direito de cada paciente. O custo dos atrasos será pago com a vida dos doentes", frisou Ghebreyesus exigindo que o acesso aos pacientes fosse "facilitado".

Nasser hospital in #Gaza is not functional anymore, after a weeklong siege followed by the ongoing raid.

Both yesterday and the day before, the @WHO team was not permitted to enter the hospital to assess the conditions of the patients and critical medical needs, despite…

— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) February 18, 2024

Sexta-feira, as IDF afirmaram ter dado ordens aos seus soldados para manterem o hospital de Nasser a funcionar e que haviam sido fornecidos água e alimentos. Questionado pelos repórteres sobre o estado do hospital esta manhã, o porta-voz das forças israelitas respondeu que estava sob análise.

Os militares israelitas descreveram a sua operação em Nasser como "precisa e circunscrita" e acusaram o Hamas de "usar cinicamente os hospitais para terrorismo".

O Ministério da Saúde de Gaza, dirigido pelo Hamas, afirmou que no hospital permanecem apenas quatro membros do pessoal médico para cuidar dos pacientes ali internados. Sexta-feira, a ONG Médicos Sem Fronteiras reconheceu que todo o seu pessoal em Nasser tinha fugido.

Uma fonte no local afirmou à BBC News que vários médicos foram detidos por Israel e que 11 doentes morreram devido aos cortes de eletricidade e de oxigénio.

28.400 mortos em Gaza

Os combates em torno do complexo hospitalar de Nasser duram há semanas. Israel afirmou ter morto sexta-feira cerca de 20 combatentes do Hamas e confiscado dezenas de armas na área.


De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, a ofensiva militar israelita em resposta aos ataques de dia 7 de outubro, já fez mais de 28.400 mortos entre a população palestiniana, sobretudo mulheres e crianças. Mais de 68.000 pessoas terão ficado feridas.

A mesma fonte refere que, só nas últimas 24 horas, foram mortos 127 palestinianos e 205 ficaram feridos.

Esta semana, a mais recente ronda de negociações por um cessar-fogo, sob a égide do Qatar com a colaboração do Egito e dos Estados Unidos da América, não registou os progressos esperados, apesar do responsável qatari ter afirmado, na Conferência de Segurança de Munique, que "mantém o otimismo". 

O acordo terá de cumprir duas vertentes, o socorro humanitário à população de Gaza e a entrega de todos os reféns israelitas, raptados dia 7 de outubro, em troca de prisioneiros palestinianos.


Israel e Hamas acusam-se mutuamente de boicotar as negociações.

Sem cessar-fogo à vista, as IDF deverão prosseguir nos próximos dias a sua invasão terrestre até Rafah.

A comunidade internacional apela Israel a suster o avanço enquanto a população civil não estiver a salvo, e Telavive ordenou aos civis para abandonarem Rafah antes da ofensiva, mas o destino da população é incerto, com o norte de Gaza destruído e ocupado por Israel.


O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, reafirmou este sábado a sua oposição a qualquer deslocação forçada dos palestinianos para o Sinai egípcio.

Num telefonema com o presidente francês, Emmanuel Macron, os dois líderes acordaram em vez disso na "necessidade de um avanço rápido no acordo de cessar-fogo", de acordo com um comunicado.

Um projeto de resolução nesse sentido, proposto pela Argélia ao Conselho de Segurança da ONU, deverá ser votado na terça-feira.

Os Estados Unidos preparam-se para o vetar. Washington entende que uma trégua pode por em risco os reféns que ainda se encontram à mercê do Hamas.

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