Onde está o email para atuar no caso das gémeas? Assessora de Marcelo e Chega em choque

1 mes atrás 73

A inquirição de Maria João Ruela, assessora do Presidente da República, no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso das gémeas, teve um momento quente quando André Ventura, deputado do Chega, quis saber como é que a ex-jornalista recebeu a ordem de Marcelo Rebelo de Sousa ou do chefe da Casa Civil, Frutuoso de Melo, para fazer diligências no caso das gémeas.

Ventura alegou que a CPI não teve acesso ao email em que foi dada a ordem a Maria João Ruela para agir neste processo. “Faltam emails”, disse o deputado do Chega.

“É muito importante saber, neste caso em que se fala de alegado favorecimento, quem é que deu a ordem”, disse André Ventura.

“Só posso presumir que tenha sido informada por e-mail”, respondeu Ruela.

O que levou Ventura a retorquir: “Não sabemos quem é que a informou a si, quem lhe deu enquadramento sobre a situação (….) Não me sabe responder como é que recebeu um pedido da Presidente da República sobre um caso?”

Em relação à dúvida do deputado, a ex-jornalista disse: “É porque não existe, porque, entretanto, foi apagado, em cinco anos…”

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Ventura entende que este dado é “fundamental” e que a ausência do email em que é dada uma ordem direta a Ruela é “particularmente grave”.

A assessora afirmou depois que para ter estes e-mails na sua caixa de correio é porque o e-mail inicial lhe foi encaminhado. “Procurei na caixa de correio e o que existia eram estes e-mails”.

Maria João Ruela confirma que esse mail do Chefe da Casa Civil existe e que deveria estar na posse dos deputados da CPI. “Mas não está”, disse Ventura. “Isso levanta as maiores suspeitas”, acrescentou o líder do Chega.

“Estão à procura de pormenores para criar uma história”, declarou a assessora da Presidência da República.

“Está a dizer que estou a mentir?"

Ventura atirou a Ruela que esta devia “entregar esses emails e voltar a vê-los”. O presidente da comissão, Rui Paulo Sousa, sugeriu que se confirmasse se todos os e-mails estão na base de dados do Parlamento.

A partir daqui a inquirição aqueceu com Ventura a dirigir-se a Rui Paulo Sousa, também do Chega, para que a ex-jornalista dissesse a verdade.

Esse pedido gerou indignação em Maria João Ruela. “Está a dizer que estou a mentir? Não me acuse de mentir, atinge a minha honra”, afirmou.

“Não tenho por hábito mentir, muito menos numa CPI”, acrescentou Ruela.

Já em relação, ao email em que Nuno Rebelo de Sousa pergunta se “não há nada que se possa fazer para acelerar processos”, Ruela diz que não lhe respondeu.

Perante a “insistência” de Nuno Rebelo de Sousa, Ruela pediu orientações ao chefe da Casa Civil. E questionada sobre se não ficou “sob alerta” com a pressão de Rebelo de Sousa, argumentou que “não tinha de sentir sob alerta, tinha de decidir se respondia ou não”.

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“E não respondi. Não estou aqui para falar em sentimentos, mas em factos, e o facto é que não respondi a este e-mail”, concretizou.

E rematou a questão com a ideia de que: “Tratei este assunto como todos os outros, não sou amiga nem familiar do dr. Nuno Rebelo de Sousa”.

Ruela diz que ao contrário do que afirma o IGAS não falou com o Hospital Santa Maria

Antes, o líder do Chega disse que o relatório do IGAS escreve que Maria João Ruela contatou o Hospital de Santa Maria por causa do caso.

“Não conheço o relatório da IGAS, mas se diz isso eu não contatei o Hospital Santa Maria”, começou por dizer Maria João Ruela.

“A IGAS diz que sim”, respondeu Ventura, que de seguida disse achar curioso que esta “não se lembra com quem falou no Dona Estefânia, mas lembra-se que não falou com o Hospital de Santa Maria”

André Ventura concretizou, minutos depois, que a fonte que o IGAS refere é um comunicado da Presidência da República e conclui: “Contraria o relatório do IGAS e também o comunicado”.

Maria João Ruela quis enquadrar essa informação, a de que o Hospital Santa Maria tenha sido contatado, como “um lapso da comunicação que foi dada ao Presidente da República sobre o hospital que tinha sido contatado”.

Queixa de inação

Antes, a ex-jornalista disse que o filho da Presidente da República se queixou ao seu superior hierárquico, o chefe da Casa Civil, sobre a sua alegada inação no caso das gémeas.

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A mesma sublinhou de forma reiterada: "Nunca contatei com os pais [das gémeas]". E repetiu o que anteriormente já tinha sido dito pelo chefe da Casa Civil, o de que o caso "não teve um tratamento de excecionalidade".

Maria João Ruela diz que escreveu duas vezes a Nuno Rebelo de Sousa e que, depois da segunda comunicação, o filho do Presidente da República deixou de contatar com ela e passou a escrever diretamente ao Chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo. "Lamentou ao meu chefe a minha inação porque os pais da criança ainda não tinham sido contatados", referiu.

"Escreveu um email ao meu chefe a dizer que não fiz nada", disse mais tarde, em resposta à deputada do PAN, Inês Sousa Real.

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