ONG venezuelana denuncia censura, assédio e intimidação de jornalistas e ativistas

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"No primeiro mês do ano, documentámos 16 casos e 24 violações da liberdade de expressão, principalmente atos de censura, intimidação e ataques contra jornalistas, meios de comunicação social, ativistas e organizações da sociedade civil por atores e funcionários do Estado", refere um relatório divulgado pela ONG.

A mesma fonte precisa que houve violação da liberdade de expressão e de informação de 19 vítimas, entre elas sete meios de comunicação social e seis jornalistas.

"O Estado continua a ser o principal perpetrador e agressor da liberdade de expressão no país. Dos 19 autores, 14 estão diretamente relacionados com o Estado venezuelano (oito instituições, quatro organismos de segurança e quatro funcionários públicos). Dois outros perpetradores eram simpatizantes pró governamentais e um é desconhecido", precisa.

"No canal estatal, o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, intimidou e insultou os jornalistas que cobrem a (...) Assembleia Nacional eleita em 2015, de maioria opositora. Acusou-os de receberem pagamentos e divulgou mensagens do WhatsApp, violando a privacidade", refere a ONG.

Segundo a EP, funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) e da Comissão Nacional de Telecomunicações encerraram, em 05 de janeiro, a rádio Anaru, confiscando equipamentos "por alegados problemas administrativos e por terem entrevistado membros da oposição política".

Em Portuguesa, a mesma Comissão ordenou encerrar as emissoras Órbita e Galáctica, deixando sem efeito uma licença outorgada há 30 anos.

Por outro lado, o portal Palpitar Trujillano foi obrigado a mudar de instalações após ameaças das autoridades locais aos proprietários.

Em Yaracuy, dois jornalistas foram obrigados a apagar o material audiovisual gravado na empresa estatal Gás Yaracuy e em Vargas (norte de Caracas), funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN, serviços secretos) ameaçaram o jornalista Luís López e tiraram fotografias à casa onde vive.

Por outro lado, o presidente da Federação Nacional de Sindicatos e Colégios de Trabalhadores da Educação da Venezuela, Víctor Venegas, foi detido, por funcionários da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e da Polícia Estadual de Barinas (PEB).

"Durante a detenção, os agentes ameaçaram prender e disparar contra o presidente da ONG Fundehullan, Roland García, e confiscaram o telemóvel que utilizava para gravar as intimidações", explica.

Segundo a EP, o jornalista Neptalí Querales foi despojado do seu telemóvel e funcionários da Direção de Inteligência Estratégica ameaçaram Gerson Cuevas, chefe de imprensa do partido Vente Venezuela, liderado por Maria Corina Machado.

Ainda em janeiro o Ministério Público emitiu mandados de captura contra a jornalista Sebastiana Barráez, a advogada e ativista dos direitos humanos Tamara Suju, o presidente da organização Venezuelanos Perseguidos Políticos no Exílio (Veppex), José António Colina; os youtubers Wender Villalobos e Norbey Marín e outras vinte pessoas, entre civis e militares, por alegado envolvimento em planos de magnicídio e terrorismo.

Em 23 de janeiro, as sedes de várias organizações da sociedade civil e meios de comunicação social amanheceram com mensagens intimidatórias nas suas fachadas exteriores, depois de Diosdado Cabello e os porta-vozes do PSUV "terem ordenado a ativação da fúria bolivariana na sequência de atos de perseguição judicial contra ativistas dos direitos humanos".

"A `fúria bolivariana` também vandalizou as sedes regionais dos partidos da oposição Vente Venezuela, Primeiro Justiça, Vontade Popular, Um Novo Tempo, Ação Democrática e, COPEI, entre outros", precisa.

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