Open da Austrália. Francisca Jorge acredita numa boa prestação

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A jovem natural de Guimarães, de 23 anos, ocupa o 205.º lugar no ranking mundial e, depois de ter encerrado a temporada de 2023 com a presença nas meias-finais em Vera Cruz (México), a vitória no ITF W25 de Mogi das Cruzes e o título de vice-campeã no ITF W60 de Vacaria, ambos no Brasil, assegurou a entrada no "qualifying" do primeiro "major" do ano.

Sinto que estou com bom nível, com bom ténis para jogar nestes palcos, nestes grandes torneios, e tenho de demonstrar isso para ganhar a minha posição, somando experiências e atirando-me mais lá para cima”, avança a número um nacional, em declarações à Lusa.

Francisca Jorge, mais conhecida no meio do ténis como Kika Jorge, terá como primeira adversária na fase de qualificação, que arranca hoje, a australiana Astra Sharma, número 126 mundial, mas assegura estar confiante para o primeiro confronto direto com a favorita anfitriã de 28 anos.

Já a vi num ou outro torneio, lembro-me que é alta e pode eventualmente ter um bom serviço. Se calhar, terei de explorar um pouco mais a movimentação dela, porque, sendo mais alta, poderá ter ali alguns pontos a explorar. Vou procurar entrar bem no jogo para me impor e mostrar a minha intenção de querer ganhar. Depois, ela tem melhor ranking que eu, é cabeça de série e a pressão vai estar do lado dela, portanto também vou tentar tirar partido disso”, explica.

Depois de Leonor Peralta, Deborah Fiúza, Sofia Prazeres, Frederica Piedade, Michelle Brito, Neuza Silva e Maria João Koehler, a atleta do Centro de Alto Rendimento (CAR) da Federação Portuguesa de Ténis é a primeira tenista portuguesa a marcar presença num torneio do Grand Slam desde 2017 e, apesar da estreia nos Antípodas, garante estar a fazer uma boa adaptação às condições locais.

Estou a gostar muito, está a ser uma experiência incrível. É uma realidade a que não estou habituada, é um torneio maior e com uma categoria completamente diferente. Mas estou muito contente com a minha prestação nos treinos e acho que a adaptação também foi boa. Quando chegámos, nos primeiros dois dias não estava ainda muito calor, até caíram algumas pinguinhas de chuva, e, por isso, não senti tanta diferença em relação a casa” recorda, contando que “agora está mais calor”, mas já está “mais habituada à humidade e às temperaturas.”

Realidade diferente

Além ter encontrado “campos bastante confortáveis, com uma boa velocidade, e bolas boas”, a vimaranense sente-se “a treinar bem e confiante para a primeira ronda” da fase de qualificação do Open da Austrália, cujo quadro principal arranca em 14 de janeiro em Melbourne, já com os também portugueses Nuno Borges e Francisco Cabral em ação, na competição de singulares e pares, respetivamente.

Estou entusiasmada pela oportunidade de jogar com jogadoras de bastante qualidade. Estas jogadoras não deixam de espelhar, de certa forma, o que seria um encontro de uma meia-final ou uma final de um torneio de 60.000 ou de 25.000 (dólares), em que apanhamos adversárias do 'top 200'. As finais não se jogam, ganham-se e, aqui, a abordagem é essa. Jogar cada encontro como se fosse uma final”, justifica.

Determinada a “dar o máximo e a aproveitar ao máximo, desfrutando um bocadinho do momento”, Kika Jorge acredita que, ao “jogar a um bom nível, o resultado surge como consequência”.

Apesar de ser o meu primeiro Grand Slam, conheço muitas das possíveis adversárias, porque muitas vezes apanho-as nos torneios em Portugal ou no estrangeiro. Obviamente que as do quadro principal não conheço tanto, conheço-as de nome, mas na maioria dos casos nunca estive com elas”, confidencia a minhota, revelando já ter “visto alguns tubarões do quadro principal, nomes que só se vê na televisão, a chegar ao torneio”.

Ao contrário da admiração que nutre por vários nomes do ténis masculino, a vimaranense confessa evitar olhar para as eventuais adversárias da mesma forma “para, de certa forma, aliviar a pressão.”

“Não as posso admirar muito. Respeito, sem dúvida, mas não posso ficar obcecada ao ponto de dar por garantida a derrota. Elas não são mais que eu só por terem um ‘ranking’ melhor neste momento”, acrescenta a jogadora, que na aventura australiana faz-se acompanhar do treinador do CAR Vasco Antunes.

Apesar de confiante e focada, Kika Jorge admite que a “tranquilidade dos primeiros dias em relação às expectativas” começa a dar lugar “ao nervoso miudinho, conforme se aproxima o início do torneio e a competição, afinal não deixam de ser três encontros para passar o ‘qualifying’”

Mas estou bem, com a consciência tranquila e acho que este tipo de reação faz parte. Estou orgulhosa de mim própria. Independentemente de quem apanhar, vão ser adversárias bastante competentes, portanto tenho de jogar bem”, remata a única representante nacional feminina a disputar a fase de qualificação da edição deste ano do Open da Austrália.

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